Você sabe qual é um dos jogos de esportes mais produzidos e lançados no mercado? Por mais incrível que pareça, o tênis se encaixa perfeitamente nessa pergunta. Ao longo de décadas, os desenvolvedores tentaram achar a fórmula perfeita para entregar o mais próximo da realidade. Desde os tempos do Atari que eu me encanto com o gênero. Poucos se lembram, mas ele possibilitava colocar seu nome dentro do jogo. Pode parecer bobo, mas imagine para um garoto, na década de 1980, ver seu nome estampado na televisão?
Por ser um esporte em que poucos podem se aventurar, o tênis ganhou espaço no mundo dos games e recebeu uma enxurrada de títulos. Poderíamos passar o dia falando deles, mas destaco três: a série Virtua Tennis, Tennis Elbow e Top Spin.
Virtua Tennis e Tennis Elbow ganharam destaque pela excelente física e jogabilidade real, que elevou o sarrafo nos jogos do gênero. Top Spin conseguiu elencar as características dos dois títulos, mas recebeu apenas quatro edições, sendo a última de 2011. A fórmula estava muito repetitiva, com poucas inovações e opções, o que fez a franquia cair no ostracismo.
A série foi descontinuada e, durante o hiato de mais de uma década, algumas tentativas de se igualar a queridinha dos jogos de tênis foram lançadas, como AO Tennis e Tennis World Tour. Títulos que encantavam pela beleza gráfica, mas que deixaram de agradar quem procurava um jogo que simulasse uma partida de tênis.
Enfim, chegamos a 2024. No momento em que novas estrelas aparecem no circuito mundial de tênis, a 2K resolveu tirar o pó da gaveta e lançar o quinto jogo da série, intitulado Top Spin 2K25. Mas como reinventar uma franquia que foi descontinuada e que deixou um legado entre os amantes da modalidade?
Rumo às estrelas
O primeiro passo para o sucesso já foi dado. Top Spin 2k25 permite que o jogador divirta-se com dezenas de jogadores lendários, como John McEnroe, Andre Agassi, Steffi Graff e Pete Sampras, além dos grandes nomes atuais, como Roger Federer, Serena Williams, Carlos Alcaraz e Iga Swiatek. Como pano de fundo temos 48 quadras, que abrangem diversos estilos de piso, como grama, dura e saibro. E você já pode comemorar. Os 4 Grand Slams estarão disponíveis.
Com o poderio financeiro da 2K, a presença de muitos jogadores reais era uma certeza, mas confesso que eu me surpreendi com a quantidade. Sabemos como é difícil amarrar contratos com jogadores — basta ver o perrengue que os jogos de futebol passam. O mais interessante é que o número de atletas reais vai aumentar, deixando o jogo mais completo em breve.
O game começa com um recheado tutorial, que pode ser acessado ao longo da jornada. A TopSpin Academy conta com os ensinamentos da lenda John McEnroe, onde o gamer vai se familiarizar com os principais aspectos do jogo, principalmente com a cereja do bolo: sua mecânica.
Depois de uma hora se aperfeiçoando e entendendo os sistemas de saque, voleio e movimentações na quadra, o jogador poderá se deliciar com diversos modos. No Exibição, o jogador disputa confrontos individuais ou em duplas.
O modo possui suporte para quatro jogadores, offline e online. Aqui, um outro destaque: Top Spin 2K25 é cross plataforma, o que aumenta ainda mais a chance de você encontrar adversários pela internet. Este é um ponto delicado, já que games de tênis são muito epecíficos do público gamer.
Além de todas estas opções, Top Spin 2K25 bebe da fonte de seus antecessores, dando um grande espaço para criação e personalização. É aqui que o jogo começa a brilhar, com o modo MyCAREER. Ele oferece aos jogadores a oportunidade de criar seu personagem no MyPLAYER e competir nos rankings masculino e feminino.
Atrelado à ele, encontramos o 2K TOUR, onde entra a famosa personalização de personagens e, aquele que me dá gatilho, os famigerados VCs (moeda virtual), usados em microtransações. Quando falamos de 2K, sabemos que não existe almoço grátis: era lógico que os VCs estariam presentes no jogo como forma de personalizar o seu atleta da melhor forma possível. Se a intenção fosse apenas esta, não acharia ruim, mas quando os VCs interferem indiretamente na construção do seu jogador, as coisas fogem do controle.
Digo indiretamente, pois os jogadores não podem comprar atributos com dinheiro. Os VCs permitem que você acelere o ganho de experiência. Desta forma, você gera pontos mais rápido, podendo utilizá-los para melhorar seu jogador. Os VCs também servem para redistribuir pontos de atributos do MyPLAYER e contratar treinadores. Para terminar este assunto, a produtora deu um leve toque de equidade, dando a oportunidade que seus personagens utilizem braços e pernas mecânicas.
Juntando tudo isso, o jogador leva seu personagem ao World Tour, onde irá se divertir contra milhares de jogadores pelo mundo e em todas as plataformas em que o jogo foi lançado. Ao vencer partidas e torneios, os jogadores ganham pontos, subindo assim, na tabela de classificação global. O modo é desafiador e divertido, necessitando um pouco de balanceamento. Vou citar um exemplo.
É importante entender que o planejamento do seu atleta é feito todo mês, optando pelos torneios que serão disputados. Durante o mês de janeiro optei por disputar um campeonato menos conhecido para enfrentar adversários mais fracos. Acabei me dando bem, vencendo o torneio de Auckland. Mas a surpresa viria depois. Meu jogador teve uma torção no tornozelo e precisava ficar afastado durante um mês das quadras para recuperar 75% das suas condições. Eu tinha a opção de jogar em fevereiro, mas ele estaria com sérias limitações. Teria problemas de fôlego e queda em alguns atributos.
Física aprimorada
Um dos grandes carros-chefes da série Top Spin é sua mecânica de jogo, onde poucos jogos conseguiram chegar perto. Depois de mais de uma década do seu útlimo lançamento, muitas coisas foram repensadas e colocadas em prática e, parece que deu certo. Pelo menos esta é minha impressão, depois de mais de 15 horas de jogo.
Percebe-se que o tempo de bola é fundamental para um bom swing, o que realmente acontece na vida real. Além disso, os diferentes tipos de piso influenciam diretamente na jogabilidade, o que é um outro ponto favorável. Junte a tudo isso a barra de stamina, que é muito volátil dentro de cada saque, e que interfere diretamente no rendimento do seu jogador ao longo da partida. Portanto, pense bem na hora de dar um golpe muito forte.
Um ponto sempre muito discutido dentro dos jogos de tênis é a troca incessante dentro dos pontos e a dificuldade que é passar por um jogador que está próximo da rede. Infelizmente isso ainda continua em Top Spin 2k25, mas é possível ver uma luz no fim do túnel, já que percebi muitas bolas sendo rebatidas para fora da quadra ou parando na rede.
E pela primeira vez na vida, eu vi uma bola batendo na madeira e indo longe. Isso diz muito da física da bola. Caso façam mais alguns ajustes, o jogo tem tudo para ser o melhor já lançado no quesito simulação.
Vale a pena?
Este é um dos jogos mais difíceis que eu já dei nota aqui no Voxel. Por mais que os ingredientes refinados da mecânica, a enxurrada de opções no modo carreira, na criação dos personagens, o cross plataforma e o licenciamento de grandes estrelas, alguns pontos desequilibram nossa experiência. Era para ser um jogo perfeito!
Como dito acima, a inserção das microtransações com VCs trouxe Top Spin 2K25 para o mundo dos jogos caça-níquel, como a maioria dos títulos da 2K. A falta de balanceamento no modo carreira impede o jogador de se divertir intensamente, transformando a experiência em um verdadeiro gerenciamento de crise.
O lado bom disso tudo é que o equilíbrio do modo MyCAREER pode ser tranquilamente arrumado com updates futuros dos desenvolvedores. Basta ouvir a comunidade para que o objetivo possa ser alcançado com sucesso. Oremos.
Nota: 80
Pontos Positivos
- Mecânicas e física de jogo;
- Diversos modos para se divertir;
- Atletas licenciados.
Pontos negativos
- Presença dos VCs e microtransações;
- Balanceamento do modo carreira.
Top Spin 2K25 foi enviado gentilmente pela 2K para a realização desta análise, em sua versão de PC. O jogo já está disponível no computador, PS4, Xbox One, PS5 e Xbox Series S e X.