A partir de imagens capturadas pela sonda Mars Express e pelo ExoMars Trace Gas Orbiter, ambos da Agência Espacial Europeia (ESA), os cientistas encontraram pequenas aranhas misteriosas em algumas regiões de Marte. Na realidade, esses pontinhos escuros são erupções sazonais de dióxido de carbono (CO2) devido aos processos químicos que ocorrem no planeta vermelho.
As ‘aranhas’ se formam quando o Sol da primavera incide sobre as camadas de dióxido de carbono que foram depositadas nessas regiões durante o inverno. Quando a luz solar atinge a região, o gelo de CO2 na parte inferior se transformará em gás e, posteriormente, se acumulará nas placas de gelo.
À medida que a primavera chega, o gás é liberado através das rachaduras de gelo ou por gêiseres, até cair e ser depositado na superfície. Como o gás também carrega poeira escura, isso cria manchas escuras na superfície marciana, com diâmetros entre 45 metros e 1 quilômetro. São exatamente essas manchas no solo que apresentam o formato característico semelhante a pequenas aranhas.
A imagem fotografada pelo ExoMars apresenta as ‘aranhas’ em detalhes.Fonte: ESA / TGO / CaSSIS
“O gás emergente, carregado de poeira escura, sobe por meio de rachaduras no gelo na forma de fontes altas ou gêiseres, antes de cair novamente e se depositar na superfície. Este mesmo processo cria padrões característicos em “forma de aranha” gravados sob o gelo – e assim estas manchas escuras são um sinal revelador de que aranhas podem estar à espreita abaixo”, a ESA descreve em um comunicado oficial.
‘Aranhas’ em Marte
A maioria das manchas escuras na imagem fotografada pelo Mars Express fica próxima de uma região marciana conhecida como Cidade Inca. Apesar disso, o nome formal do local é Angustus Labyrinthus, descoberto pela sonda Mariner 9 durante uma missão da NASA; a homenagem é justamente devido ao formato geométrico dos cumes no local, semelhante ao que é possível observar nas ruínas Incas.
A imagem fotografada pela sonda Mars Express apresenta a região conhecida como Cidade Inca; a maioria das manchas pode ser vista na região mais escura à esquerda.Fonte: ESA / DLR / FU Berlin
Não é incomum encontrar padrões na natureza; inclusive, esse fenômeno é conhecido como pareidolia. Em outras missões, as sondas já fotografaram regiões de Marte que apresentavam características semelhantes a um rosto humano e até a uma pirâmide, mas isso é apenas uma má interpretação do nosso cérebro. No final, é apenas um padrão criado pelos processos naturais do planeta.
A Cidade Inca, em Marte.Fonte: ESA / DLR / FU Berlin
“Ainda não sabemos exatamente como a Cidade Inca se formou. Pode ser que as dunas tenham se transformado em pedra com o tempo. Talvez materiais como magma ou areia estejam vazando por meio de camadas fraturadas de rocha marciana… As ‘muralhas’ da Cidade Inca parecem traçar parte de um grande círculo, com 86 km de diâmetro. Os cientistas suspeitam, portanto, que a ‘cidade’ fica em uma grande cratera que se formou quando uma rocha vinda do espaço colidiu com a superfície do planeta” a ESA acrescenta.
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