Desde que forneceram fortes evidências que acabaram “rebaixando” Plutão de sua condição de planeta, os astrônomos do Caltech Konstantin Batygin e Mike Brown têm buscado evidências de um suposto Planeta Nove, ou Planeta X, cuja existência foi proposta pela dupla em 2015, com base em observações de objetos distantes além de Netuno.
Analisando pacientemente o que parece ser a influência indireta de um planeta gigante na região externa do Sistema Solar, exercendo sua atração gravitacional em objetos observados, os pesquisadores podem, finalmente, ter encontrado o que chamaram em um novo estudo de “evidência estatística mais forte” da existência do Planeta Nove.
A nova pesquisa, cujo artigo foi aceito para publicação na The Astrophysical Journal Letters, explica que os autores mudaram o foco para “uma classe mais convencional de objetos transnetunianos (OTNs)”. Eles estão levando em conta agora o longo período que esses objetos levam para completar sua órbita ao redor do Sol, e suas características “quase planares”, ou seja, órbitas achatadas.
Procurando o Planeta 9
Órbita proposta para o Planeta Nove, em um estudo anterior.Fonte: MagentaGreen/Wikimedia Commons
O estudo atual incluiu nas análises OTNs que haviam sido excluídos da pesquisa anterior porque sua instabilidade, na época, havia sido atribuída as interações com a órbita de Netuno. Além de incluí-los novamente, os autores criaram novos métodos de análise para avaliar seus efeitos nos dados.
Feito isso, os pesquisadores fizeram simulações computacionais, desta vez incluindo interações gravitacionais com todos os grandes planetas, a maré galáctica (força gravitacional exercida pela Via Láctea) e até estrelas passageiras. Foram também inseridas a migração de planetas gigantes e a evolução inicial do Sol em um aglomerado estelar.
“Nossos resultados revelam que a arquitetura orbital deste grupo de objetos se alinha estreitamente com as previsões do modelo que inclui P9”, concluiu o estudo. O trabalho também recomenda uma série de previsões observacionais agendadas para o Observatório Vera C. Rubin, que será inaugurado em meados de 2024, em Cerro Pachón, no Chile.
O planeta 9 pode ser maior que Urano
O Observatório Vera C. Rubin tem a maior câmera digital do mundo.Fonte: Observatório Vera C. Rubin
A ansiedade pela inauguração do observatório Vera C. Rubin se justifica, pois o novo telescópio pode observar uma grande porção do céu noturno em um curto período. Isso é importante, pois muitas vezes é mais fácil encontrar exoplanetas orbitando outras estrelas do que nossos vizinhos de Sol, cuja luz pode ofuscar as pesquisas.
As expectativas dos pesquisadores do Caltech é que o lendário Planeta 9 tenha uma massa cerca de dez vezes maior do que a da Terra, o que o tornaria parecido, ou até maior, que Urano e o próprio Netuno.
Outra característica desse mundo (ainda) imaginário é o seu tempo orbital. Como está cerca de 20 vezes mais distante do Sol do que Netuno, o Planeta X pode levar entre 10 mil a 20 mil anos terrestres para completar uma órbita completa em torno do Sol.
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