A Polícia Federal avalia anular o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, após a divulgação de áudios nos quais o militar teria feito ataques à PF e ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A informação foi confirmada pelo R7. Cid deve ser intimado e prestar um novo depoimento sobre os áudios. A partir disso, o acordo de delação pode ser rescindido, com perda de benefícios e possibilidade de ele voltar a ser preso.
Nas gravações, o ex-ajudante de Bolsonaro teria afirmado que a PF o pressionou a relatar fatos que não aconteceram e a detalhar eventos sobre os quais não tinha conhecimento. Cid afirma que teria sido induzido por policiais a corroborar declarações de testemunhas e a reproduzir informações específicas, sob pena de perder os benefícios do acordo de delação premiada. O militar teria criticado a atuação de Moraes, dizendo que o ministro faz o que bem entender.
Na quinta-feira (21), a defesa de Cid divulgou uma nota negando que o millitar questione as investigações da Polícia Federal sobre ele. O comunicado diz que Cid passa por um momento de angústia pessoal devido às apurações da corporação.
“Mauro César Barbosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, diz a nota.
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Segundo a defesa, os áudios “de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”.
Cid é investigado por participação em um esquema de fraude em cartões de vacinação e em tentativa de golpe de Estado. O tenente-coronel do Exército também é investigado no caso das joias estrangeiras dadas a Jair e Michelle Bolsonaro e no caso dos atos extremistas de 8 de Janeiro.