Rumo a Marte: quais os planos da SpaceX depois do teste de sucesso com a maior nave do mundo

No último domingo (13), a Starship realizou o seu quinto teste, que foi considerado um sucesso. A empresa de Elon Musk tem grandes ambições para a nave; confira. Lançamento da nave Starship, da SpaceX, impulsionada pelo foguete Super Heavy, neste domingo (13/10)
Kaylee Greenlee Beal/Reuters
A SpaceX, empresa aeroespacial de Elon Musk, tem planos ambiciosos para a Starship, considerada a maior e mais poderosa nave do mundo, após a realização de seu quinto teste, no último domingo (13) (veja abaixo).
Com o lema de “prestar serviço à órbita da Terra, Lua, Marte e além”, conforme diz em sua página, a Starship é central para o objetivo de Musk de se tornar uma referência para a exploração e o turismo espacial e, eventualmente, levar pessoas até Marte, que nunca foi visitado pela humanidade.
Mas a meta mais próxima é outra: participar da missão Artemis III, um projeto da agência aeroespacial dos EUA (Nasa) que pretende levar os primeiros humanos à Lua desde a missão Apollo 17, de 1972. O lançamento está previsto para ocorrer a partir de setembro de 2026.
Agora, a Starship terá que enfrentar novos testes – inclusive tripulados – e passar por mais desenvolvimento para assegurar que essas missões ambiciosas sejam viáveis e seguras.
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Quais os planos da SpaceX com a Starship?
Viagens à Lua: além da missão Artemis III, em conjunto com a Nasa, a Spacex também pretende usar a nave para levar turistas em viagens para a Lua (não há previsão de quando esses voos acontecerão) e criar uma base na superfície lunar para o desenvolvimento da exploração espacial.
Colonização de Marte: a exploração de Marte é o grande destaque de Musk ao citar os feitos e objetivos da SpaceX. O bilionário afirma querer tornar a vida “multiplanetária” e fala em estabelecer uma população de até 1 milhão de pessoas no planeta, que se tornaria, em sua visão, autossustentável.
Viagens dentro da Terra: um dos planos para a Starship é transportar passageiros também entre lugares no próprio planeta. A empresa destaca que as viagens entre dois lugares do planeta durariam menos de uma hora e estariam menos sujeitas a problemas climáticos ou turbulência.
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A reutilização da nave
Foguete da SpaceX pousa na base após impulsionar a nave Starship para seu segundo voo completo, neste domingo (13/10)
SpaceX
A Starship é basicamente dividida em dois segmentos:
a cápsula para transporte de pessoas e carga – também chamada de Starship -, na parte superior,
o foguete propulsor, conhecido como Super Heavy.
A meta da empresa é que a nave se torne completamente reutilizável, reduzindo o intervalo entre voos espaciais e, assim, torná-los mais baratos.
Em 13 de outubro, a Starship realizou o seu quinto teste e o evento foi considerado um sucesso justamente pela recuperação do Super Heavy, foguete propulsor, que foi “capturado” pela plataforma de lançamento em uma manobra inédita.
Já a cápsula superior da nave pousou no Oceano Índico e explodiu logo depois – o que, segundo SpaceX, era previsto.
Nos testes anteriores, o foguete tinha explodido ou pousado fora da plataforma da empresa (confira mais abaixo).
➡️​Próximos testes
A SpaceX deve realizar em breve um 6° voo com a Starship, mas nem a empresa nem Elon Musk deram detalhes sobre como será esse novo lançamento. No entanto, o bilionário já indicou que o teste aconteceria meses depois do quinto lançamento, ou seja, em breve.
De forma geral, as expectativas da SpaceX para os próximos testes são:
repetir e aperfeiçoar a manobra do foguete propulsor da nave;
pousar a cápsula da Starship na plataforma espacial da SpaceX, assim como aconteceu com o Super Heavy. Musk disse que espera realizar essa manobra no início de 2025;
reabastecer a Starship na órbita da Terra, em pleno voo, procedimento que é essencial para sua participação na missão Artemis (veja abaixo).
A Starship na missão Artemis
Artemis é um projeto da Nasa com foco na exploração espacial da Lua, com o objetivo de estabelecer a presença humana a longo prazo na região. O projeto conta com quatro missões, sendo que a primeira já foi realizada.
A Starship estará presente nas etapas III e IV, que envolvem o retorno do homem ao satélite pela primeira vez desde 1972.
Para isso, a SpaceX está desenvolvendo a Starship HLS ( de “human landing system”, ou “sistema de pouso humano”), uma versão adaptada da nave para realizar pousos tripulados.
Na Artemis III, prevista para ocorrer a partir de setembro de 2026, o grupo de astronautas irá com a nave da Nasa, a Orion, até a órbita lunar, onde a cápsula se conectará à Starship HLS.
Dois astronautas, então, vão ingressar no veículo da SpaceX, que aterrissará na Lua. O objetivo é que o grupo permaneça na superfície da Lua por cerca de uma semana, visitando o inexplorado Polo Sul do satélite.
Na Artemis IV, planejada para o ano seguinte, a Nasa pretende inaugurar a primeira estação espacial lunar da humanidade.
O abastecimento bem-sucedido em pleno espaço, por exemplo, é fundamental para as duas etapas da Artemis. Ao mesmo tempo, a SpaceX terá que demonstrar, antes da missão com a Nasa, a capacidade de a Starship HLS pousar e decolar da superfície lunar em uma missão não tripulada.
Esses testes ainda não estão programados.
O desafio da viagem para Marte
O retorno de uma missão tripulada à Lua com a Nasa é uma tarefa mais simples do que a realização do sonho de Musk, que planeja criar uma civilização em Marte e tornar corriqueiras as viagens interplanetárias.
Segundo Annibal Hetem, professor de propulsão espacial do curso de engenharia aeroespacial da Universidade Federal do ABC (UFABC), o voo para a Lua, apesar das complexidades envolvidas, se mostra cada vez mais viável. A viagem para Marte, por sua vez, deverá levar muito mais tempo para se realizar.
“Ir para a Lua, ficar algumas horas ou, no máximo, um dia e voltar é bem mais factível porque a Lua está aqui ‘do lado’, apesar de uma distância enorme”, diz ele.
“Uma missão tripulada para Marte envolve outros problemas. São meses de viagem com os astronautas expostos à radiação do espaço. Não se pode fazer uma viagem que leve oito meses, que é o normal para ir a Marte”, afirma.
Para ficar mais perto do objetivo, a SpaceX está desenvolvendo duas novas versões da Starship, mais poderosas e que também são reutilizáveis.
As versões 2 e 3 da Starship seriam mais potentes e com maior capacidade para carregar humanos e carga, qualidades essenciais para viabilizar os voos frequentes para a Lua e para Marte. Segundo Musk, essas características permitiriam, por exemplo, menos missões de reabastecimento da Starship na órbita terrestre.
Não há data de lançamento para as novas versões, mas Musk divulgou alguns detalhes técnicos durante um discurso em abril. Segundo ele, a Starship 3, por exemplo, teria 150 metros de altura – cerca de 30 a mais do que a versão atual.
Como é a nave Starship?
Tem 120 metros de altura (somando nave Starship e propulsor Super Heavy) e 9 metros de diâmetro.
Poderá transportar até 100 pessoas.
É projetada para ser reutilizável, assim como outras naves da SpaceX.
Tem capacidade para transportar até 250 toneladas, se puder ser descartada após uma missão, e 150 toneladas, quando precisar ser reutilizada.
A nave é dividida em dois segmentos: a cápsula (que carrega cargas e pessoas) e o foguete propulsor (na parte inferior). Confira:
Veja detalhes da Starship
g1
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