Exibido pela primeira vez durante o Festival de Cinema de Cannes, onde foi aplaudido por diversos minutos, o filme O Aprendiz chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira (17). No entanto, antes de isso acontecer, a produção teve que encarar diversas polêmicas e quase ficou sem um distribuidor oficial.
Estrelado por Sebastian Stan, o longa mostra os anos formativos de Donald Trump, um magnata do ramo imobiliário que chegou à presidência dos Estados Unidos. A história que se passa nos anos 1970 e 1980 mostra como ele aprendeu sua ética e estratégias de negócio com Roy Cohn (Jeremy Strong, de Succession), um advogado conhecido por suas táticas agressivas.
A premissa, que já seria polêmica o suficiente dado a figura que retrata, chamou ainda mais atenção devido o fato de que Trump está concorrendo à eleição presidencial dos Estados Unidos. Isso fez com que a produção tivesse dificuldades em encontrar uma distribuidora, devido à ameaça de processo iminente.
O Aprendiz enfrentou dificuldades desde sua origem
Segundo o roteirista Gabriel Sherman, O Aprendiz enfrentou dificuldades até mesmo durante sua produção. Em uma entrevista à Vanity Fair, ele afirmou que muitos atores tinham medo em “humanizar demais” o personagem principal, e alguns investidores não ficaram nada contentes com o resultado do filme.
A equipe de campanha de Donald Trump ameaçou processar quem distribuísse o filmeFonte: Divulgação/Diamond Films
Entre eles está Dan Snyder, bilionário que já foi dono do time Washington Commanders, da NFL, que decidiu investir no filme acreditando que ele seria benéfico às intenções eleitorais do candidato republicano. No entanto, ao descobrir que a história faz críticas a seu personagem principal, ele teria tentado impedir que o lançamento acontecesse.
O Aprendiz traz cenas controversas, como um episódio em que Trump teria agredido sexualmente sua esposa, Ivana. Além disso, o personagem aparece usando anfetaminas, passando por uma cirurgia de lipoaspiração e recebendo um transplante de cabelo para disfarçar sua calvície.
Além de os advogados do presidenciável terem ameaçado de processar qualquer um que distribuísse o filme, ele também criticou a produção pessoalmente. Em sua conta na rede social Truth Social, ele afirmou que o roteirista do longa “é uma fraude sem talento” e que tem como único objetivo “ferir um movimento político” com uma série de mentiras.
A campanha de Trump também declarou que o próprio diretor de O Aprendiz, Ali Abbasi, confirmou que “fabricou cenas e criou histórias falsas” para criar uma visão irreal do político. “Esse lixo é pura ficção que sensacionaliza mentiras que foram desmentidas há muito tempo”, declarou o representante Steven Cheung.
Ator diz que Trump deveria agradecer ao filme
O filme mostra a ascensão de Trump no mundo dos negóciosFonte: Divulgação/Diamond Films
Em resposta às alegações do candidato republicano, o ator Sebastian Stan afirmou que ele deveria estar grato pelo filme. À BBC, ele afirmou que O Aprendiz mostra uma versão “complexa e tridimensional” da vida da figura pública, que já era bastante conhecida do público antes mesmo de ingressar no campo político.
Apesar das dificuldades em lançar o filme, o diretor Abbasi afirmou que ficou feliz em conseguir trazê-lo aos cinemas antes do dia 5 de novembro. Essa é a data em que os eleitores norte-americanos vão decidir se querem um segundo mandato de Trump ou ser comandados por Kamala Harris, atual vice-presidente da administração Joe Biden.
Para ele, é mais interessante que O Aprendiz tenha saído agora, quando a eleição está gerando muitas discussões, do que depois de seus resultados serem conhecidos. No Rotten Tomatoes, o longa tem aprovação de 79% da crítica e de 85% do público, mas isso não se refletiu em sua bilheteria, que foi de somente US$ 1,6 milhão em seu fim de semana de estreia nos Estados Unidos.