Na maioria dos estudos relacionados ao tema, os pesquisadores apontam que Urano e Netuno são gigantes gasosos de gelo, pois possuem altas quantidades de água congelada. Um novo estudo publicado no servidor de pré-impressão arXiv sugere que podem ter mais ingredientes nesses planetas do que pensávamos: os cientistas afirmam que ambos os corpos celestes também podem conter toneladas de metano congelado.
A realidade é que a única vez que Netuno e Urano foram visitados por uma sonda espacial aconteceu durante a missão Voyager 2, realizada pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) na década de 1980. Ou seja, por enquanto, os cientistas não possuem amostras significativas para compreender a composição completa dos planetas.
Para buscar uma compreensão mais aprofundada da composição de ambos os corpos celestes, os astrônomos do estudo desenvolveram modelos computacionais a partir dos dados coletados por alguns telescópios da Terra e pela missão Voyager 2.
Até então, os antigos modelos apontavam que Urano e Netuno podem ter até 50 mil vezes a quantidade de água da Terra, mas os cientistas da nova pesquisa sugerem que eles ignoram o processo de formação dos gigantes gelados.
Urano, Netuno e metano congelado
Alguns dos modelos computacionais produzidos durante o estudo revelam que o interior de Urano e Netuno contém elevadas quantidades de gelo de metano; em alguns deles, foi descrito que o metano pode representar até 10% da massa dos planetas.
Segundo a equipe, o resultado pode ajudar a elucidar o paradoxo do gelo, já que a ciência ainda não compreendeu exatamente como o gelo pode ter se formado em quantidade nos gigantes gasosos.
O estudo obteve as informações por meio de modelos computacionais, mas ainda não é possível confirmar os dados.Fonte: NASA / ESA / Erandi Chave / Imke de Pater
Neste caso, o gelo poderia ter se formado durante uma reação química do carbono acumulado nos planetesimais — esse tipo de objeto foi ‘engolido’ pelos corpos celestes durante suas formações iniciais. De qualquer forma, é importante destacar que a pesquisa ainda não passou por revisão por pares e, consequentemente, ainda não foi submetida para publicação em nenhuma revista científica.
“Usando modelos computacionais estatísticos aleatórios para um amplo espaço de parâmetros, mostramos que a composição interna rica em metano resultante poderia ser uma solução natural, dando uma boa correspondência ao tamanho, massa e momento de inércia de Urano e Netuno, enquanto modelos ricos em rochas parecem funcionar apenas se um interior rochoso estiver fortemente misturado com hidrogênio. Nosso modelo prevê uma proporção menor que a solar de hidrogênio para hélio, que pode ser testada. Concluímos que Urano, Netuno e exoplanetas semelhantes podem ser ricos em metano e discutimos por que Júpiter e Saturno não podem”, o estudo descreve.
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