A Microsoft apresentou para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos um pacote de serviços Azure que incluía uma inteligência artificial (IA) para uso militar. A ferramenta em questão é a DALL-E, da OpenAI, já famosa para criar imagens a partir de descrições de texto.
De acordo com uma matéria do jornal The Intercept, a companhia sugeriu o uso da IA por militares com o objetivo de “treinar sistemas de gerenciamento de batalha”. Na prática, um grupo poderia usar essas ilustrações e a leitura delas por uma ferramenta para melhor compreender as condições de um campo de batalha e até estudar os passos seguintes de uma ofensiva.
Os tais sistemas de gerenciamento citados são recursos que ajudam na estratégia militar e no monitoramento geral de um combate. Eles fornecem informações sobre posicionamento de alvos, movimentação de tropas e coordenação de artilharia, entre outras possibilidades.
Uma IA otimizaria esses e outros processos, já que lida com mais dados em menos tempo e fornece conteúdos prontos.
A parceria entre Microsoft e OpenAI
As informações sobre a comercialização de IAs para o exército dos EUA foram encontradas em uma apresentação de slides feita pela Microsoft em 2023. Em nota enviada ao The Intercept, a empresa confirmou que de fato fez a oferta ao Pentágono, mas esse é só “um exemplo de casos de uso em potencial” que ainda não foi colocado em prática.
Já a OpenAI afirma que não tem qualquer envolvimento com essa apresentação, já que não concorda com o emprego de suas ferramentas de IA para “criar ou desenvolver armas, ferir outras pessoas ou destruir propriedades”.
O DALL-E é um dos mais populares modelos de linguagem para criação de ilustrações via IA.Fonte: GettyImages
As diretrizes da companhia até foram alteradas no começo deste ano, agora permitindo algumas colaborações com entidades militares para certos propósitos — o que não inclui o uso em campo de batalha.
A comercialização da ferramenta com entidades militares representa um raro atrito entre Microsoft e OpenAI. A empresa dona do ChatGPT recebeu grandes investimentos da parceira ao longo dos últimos anos, além de licenciar o modelo de linguagem para o chatbot Copilot.
Até mesmo Sam Altman, atual CEO da OpenAI, quase virou funcionário da Microsoft quando teve a demissão anunciada (e depois revertida) pelo conselho da companhia. A ligação entre ambas é tão próxima que até entidades comerciais dos Estados Unidos e da União Europeia investigam se essa aliança já não caracteriza uma fusão.