No dia 8 de abril, milhares de pessoas assistiram à sombra da Lua bloqueando o Sol, durante o chamado Grande Eclipse Norte-Americano de 2024. O fenômeno, visível em um corredor de 160 quilômetros de largura, atravessou regiões do México, EUA e Canadá. Só que, mais do que um show de luz e sombra, os eclipses solares são importantes oportunidades de pesquisa.
Para o pesquisador Alessandro Peca, da Universidade de Miami, os eclipses solares “permitem aos cientistas estudar a atmosfera exterior do Sol, ou coroa, que normalmente é obscurecida pela luz brilhante do próprio astro”. Essa filtragem permite o estudo dos ventos solares e como esse “sopro” de gás ionizado influencia o clima espacial, diz o astrofísico em release da The U (The University of Miami).
Além disso, como o eclipse oculta as estrelas brilhantes perto do Sol devido à luz solar intensa (que não aparece para nós durante o fenômeno), estrelas mais fracas próximas do astro se tornam visíveis, mas aparecem nas observações ligeiramente “deslocadas” de sua posição, devido à gravidade do Sol, que curva a sua luz.
Observando a luz curvada durante o eclipse
Gráfico mostrando a curvatura da luz das estrelas pelo Sol.Fonte: Observatório WW Campbell e RJ Trumpler/Lick
Pioneiro nos estudos modernos da luz, Isaac Newton propôs no início do século XVIII que, mesmo se comportando como ondas, a luz era feita de partículas e, portanto, suscetíveis de serem afetadas pela gravidade. Ele não estava totalmente errado, mas, embora a luz possa ser observada como um fluxo de fótons, estes não são “bolinhas”, mas entidades quânticas.
A explicação do fenômeno só veio mais tarde, quando aprendemos que só a física clássica não daria conta de explicar os dois aspectos da luz: ondas e partículas. Mas Albert Einstein foi além com sua teoria geral da relatividade, de 1915. Para ele, esse detalhe nem mesmo importa, pois o que precisava ser mudada era a nossa compreensão da gravidade.
As primeiras observações físicas do efeito da gravidade como “espaço-tempo curvo” foram feitas em eclipses, pois somente o Sol, 330 mil vezes mais massivo do que a Terra, tem força para curvar, ainda que ligeiramente a luz. Mas, para isso, é necessário que as estrelas (fonte da luz) sejam observadas perto do Sol.
Comprovando a nova teoria da gravidade de Einstein no eclipse
Embora o efeito de deflexão da luz seja muito pequeno — cerca de 1,75 segundo de arco no céu — ele permitiu que o astrônomo inglês Arthur Eddington pudesse confirmar, pela primeira vez, a teoria da relatividade geral, apenas comparando a posição de estrelas próximas ao Sol antes e depois do eclipse ocorrido no dia 29 de maio de 1919.
Estas observações quase imperceptíveis durante um eclipse levaram à fundação de um campo de estudo totalmente diferenciado na classificação de estrelas, que abriu caminho para a investigação dos buracos negros, esses notórios desviadores de luz.
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