Castlevania Dominus Collection preserva clássicos da Konami, mas vale a pena? — Review

Surpreendendo o público da última Nintendo Direct, a Konami repentinamente revelou Castlevania Dominus Collection! O lançamento trata-se de um compilado com todos os jogos da franquia lançados para o Nintendo DS, que agora também chegam para o PlayStation, Xbox, Switch e PC. Completo, o pacote ainda conta com dois títulos ‘extras’, antes exclusivos do Japão, para experimentar.

Castlevania Dominus Collection, que sucede pelo menos outras duas coletâneas de clássicos na série, já estreia como uma ótima notícia. Isso porque, depois de tantos anos engavetada, a franquia pode estar finalmente voltando às graças da Konami. Entre relançamentos, animes e participações especiais, a Gigante Japonesa parece estar dedicada em recuperar a confiança do público — mas será que os fãs do Clã Belmont realmente podem comemorar, dessa vez?

Confira os jogos em Castlevania Dominus Collection:

  • Castlevania Dawn of Sorrow
  • Castlevania Portrait of Ruin
  • Castlevania Order of Ecclesia
  • Haunted Castle (Arcade)
  • Haunted Castle Revisited

Para responder à dúvida, jogamos a coletânea e te contamos tudo sobre. Mas antes de prosseguir, vale lembrar que abordaremos apenas as questões técnicas do conjunto, já que não há alterações nos jogos em si — como o caso de um remaster ou remake. O título foi avaliado no PC, com uma chave gentilmente cedida pela Konami. 

Sem mais delongas, confira a análise completa de Castlevania Dominus Collection!

Capricho e foco na preservação

A depender do nível de exigência de cada jogador, pode ser fácil estragar uma coletânea — seja no cinema, nos jogos, ou em qualquer outra mídia. Frequentemente, algumas empresas tendem a embelezar esses relançamentos com ‘novos recursos’, remasterizações e, em casos extremos, correções do próprio conteúdo na obra — visando alcançar mudanças culturais, ou públicos maiores.

Mas nem sempre isso funciona para todos, como é o caso, por exemplo, dos filmes de Star Wars. Desde seu lançamento, em 1973, a obra de George Lucas foi relançada inúmeras vezes para todo tipo de formado — sofrendo, no caminho, adições de elementos 3D, mudanças na paleta de cor e até mesmo em algumas cenas. Nesse contexto, é discutível o quanto das alterações afastam as obras da visão do diretor.

Por este ângulo, Castlevania Dominus Collection acerta precisamente ao preservar, de maneira oficial, o legado dos jogos lançados originalmente para Nintendo DS. Logo quando iniciamos o jogo, é possível conferir uma belíssima arte com todos os protagonistas, seguida de um menu caprichado com opções animadas para cada um dos títulos.

Menu de Castlevania Dominus Collection.Fonte: Adriano Camacho

Mais do que apenas os jogos, com todas as versões lançadas internacionalmente, a coletânea também oferece galerias dedicadas à preservação das mídias anteriormente impressas, como os encartes e artes oficiais em alta qualidade de cada título — bem como suas respectivas trilhas sonoras. Tudo isso já vem disponível logo de cara, algo que pode incomodar os jogadores que buscam ‘incentivos desbloqueáveis’.

Galeria de Dominus CollectionGaleria de arte de Castlevania Dominus Collection.Fonte: Adriano Camacho

De todo modo, esse cuidado, além de um mero capricho, recebe muito bem o jogador e passa uma excelente primeira impressão para Dominus Collection. É nítido que o título foi planejado e desenvolvido por uma equipe que entende o legado das obras, consideradas algumas das  melhores em toda a franquia — e se você acha que isso é o mínimo, devo relembrá-lo do que a Konami fez em Silent Hill HD Collection.

Para quem chegou agora, nós explicamos: lá em 2012, a Konami lançou uma coleção com Silent Hill 2 e Silent Hill 3. Na época, ambos os títulos eram considerados pérolas do PlayStation 2, tendo em vista os avanços técnicos e narrativos de cada um. Bom, isso ficou na memória, já que o relançamento chegou com inúmeros bugs visuais, uso de fontes inadequadas e glitches que simplesmente impediam a finalização da campanha. Segundo a gigante japonesa, o caso se deu por conta da perda dos códigos-fonte originais (!). Pois é, inacreditável.

Felizmente, muito mudou desde então, e Castlevania Dominus Collection é prova disso.

Opções, adições e inovações na medida

Junto do conteúdo básico, Castlevania Dominus Collection conta com recursos que devem agradar tanto novos jogadores quantos os que estão retornando. Para começar, cada um dos títulos possui um “Compêndio” próprio, que inclui dicas específicas, combinações de armas e outras informações úteis para a jogatina. Similarmente, os títulos também possuem um sistema para “retroceder” a gameplay, algo opcional, mas que pode ser conveniente para evitar mortes descuidadas, por exemplo.

Castlevania Dominus CollectionCompêndio de Castlevania Dominus Collection.Fonte: Adriano Camacho

Algo que muito me agradou foi a disposição das configurações: há uma seção geral, no menu principal da coletânea, e outra específica para cada jogo. Na geral, é possível alterar a versão desejada para cada título, além de alguns ajustes de idioma — infelizmente, não há localização em português brasileiro. Enquanto na específica, o jogador pode alterar a disposição de telas, fundo, e mais.

Dominus Collection.Opções de Castlevania Dominus Collection.Fonte: Adriano Camacho

Por falar em disposição, algo que me causou bastante estranheza foi a disposição de telas. Por se tratar de um jogo pensado para duas telas simultâneas, a coletânea oferece apenas opções que exibem todas ao mesmo tempo. Dessa maneira, a gameplay sempre fica “no canto”, enquanto as demais ficam adjacentes. Pessoalmente, sinto que faltou uma alternativa para ‘focar’ apenas na tela principal, onde se passa a jogatina — mas essa opção não está presente aqui.

Dominus Collection.Layout de telas em Castlevania Dominus Collection.Fonte: Adriano Camacho

Visualmente, os jogos seguem exatamente como na plataforma original, sendo apenas renderizados em uma resolução superior — mas ainda na mesma proporção. Além disso, não há opções de filtro, suavização ou scanlines, algo que senti falta. No entanto, vale lembrar que nem toda Pixel Art é planejada para ser “suavizada” por scanlines tipicamente vistas em CRT, como é o caso do Nintendo DS. Por outro lado, não faria mal deixar a escolha do uso para o jogador, mas suponho que o viés da preservação tenha prevalecido no desenvolvimento.

Jogabilidade tão natural quanto poderia

Com exceção de alguns trechos onde a Stylus do Nintendo DS era obrigatória, toda a jogabilidade dos jogos mantém-se intacta e muito responsiva. No PC, não presenciei atrasos de quadros ou problemas na hora de reconhecer os controles, que funcionaram de imediato — e podem ser ajustados nas configurações.

Um remake de brinde

Outra surpresa bem legal em Castlevania Dominus Collection é a dupla Haunted Castle e Haunted Castle Revisited. O primeiro título trata-se de um jogo desenvolvido exclusivamente para os arcades em 1988, sendo o segundo lançamento da franquia, enquanto o segundo refere-se a uma versão “Reimaginada” do clássico.

Dominus Collection.Haunted Castle Revisited.Fonte: Adriano Camacho

Apesar de ambos serem jogos completos, os títulos soam praticamente como um modo extra muito bem caprichado — já que possuem uma jogabilidade distinta, mais difícil, e uma estética própria. Tanto na versão original, quanto na versão Reimaginada, há opções de filtro e trabalho de pixels para escolher.

Castlevania Dominus CollectionOpções gráficas de Haunted Castle Revisited.Fonte: Adriano Camacho

Neles, o destaque fica para a dificuldade brutal, por vezes propositalmente dimensionada para provocar a compra de fichas e mais fichas. No conforto da coletânea, foi possível zerar a Reimaginação sem problemas, visto que o Game Over não era definitivo. A depender da habilidade de cada jogador, é possível terminar ambas as campanhas em até 30 minutos.

Não seria melhor emular?

Eu pensei nisso, e sei que você também — e a resposta é: depende. Pensando diretamente no objetivo final, que é jogar algum dos títulos na coletânea, a emulação parece uma alternativa suficiente. Até certo ponto, o processo de catalogar os próprios jogos também funciona como um critério de preservação, conforme defendi acima no texto. Ademais, há inúmeras possibilidades extras que simplesmente não são possíveis oficialmente, como o uso de filtros, por exemplo.

Por outro lado, a coletânea chega a novas plataformas pela primeira vez, e estreia com um preço justificavelmente acessível — afinal, são 5 jogos por menos de R$ 150. Para o grande público, é possível que os títulos oferecidos não sejam tão atrativo, mas o completo oposto pode ser dito dos fãs mais nichados. É a possibilidade de ter seus jogos favoritos, reunidos em um só lugar, com toda a praticidade e novos recursos disponíveis.

Versões de Haunted CastleVersões de Haunted Castle em Castlevania Dominus Collection.Fonte: Adriano Camacho

Anteriormente, só era possível jogar Castlevania Dawn of Sorrow no Switch, por exemplo, através de um emulador — o que exige seu desbloqueio, e implica em possíveis problemas por isso. É mais cômodo, naturalmente, adquirir a coletânea em uma promoção e tê-lo com segurança.

No final das contas, as duas opções são igualmente válidas, a depender das necessidades de cada usuário. No entanto, as vendas oficiais de Castlevania Dominus Collection ajudam sinalizar o valor da franquia para a Konami e, quem sabe, promover o desenvolvimento de um jogo inédito.

Apesar da falta de localização em português brasileiro e as opções limitadas de personalização visual, Castlevania Dominus Collection é um acerto da Konami. Há um cuidado nítido com a preservação do legado, aliado a um bom conjunto de conteúdo extra sem a exigência de DLCs.

Nota do Voxel – 90

Pontos positivos

  • Capricho na apresentação da coletânea;
  • Rico em conteúdo extra;
  • Remake de Haunted Castle é divertido e satisfaz;
  • Preço acessível.

Pontos negativos

  • Falta de localização em português brasileiro;
  • Opções de personalização visual são limitadas;
  • Não é possível destacar exclusivamente a gameplay principal no layout de telas.

Castlevania Dominus Collection foi testado no PC, utilizando uma chave cedida pela Konami.

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