Um candidato independente à prefeitura de Cheyenne, cidade do estado do Wyoming, nos Estados Unidos, apresentou uma plataforma de campanha bastante curiosa. Em vez de prometer melhorias ou leis para a região, Victor Miller quer deixar uma inteligência artificial (IA) fazer todo o serviço.
O serviço se chama VIC, que é ao mesmo tempo um apelido para o candidato e a sigla para Virtual Integrated Citizen (ou Cidadão Integrado Virtual, em tradução livre).
Guess who’s running for mayor? That’s right, an AI! ?? Cheyenne, get ready for VIC (Virtual Integrated Citizen) to bring data-driven decisions and a fresh perspective to our city. Let’s make history together! ??? #VICForMayor #AI2024 #CheyenneInnovation pic.twitter.com/bOtVcgsyZT
— VIC (Virtual Integrated Citizen) (@AIforMayor) June 16, 2024
A ideia do candidato é que ela tome todas as decisões do mandato, enquanto Miller seria o responsável por tarefas que só a pessoa consegue fazer, como assinar documentos e participar de eventos. Um caso parecido também foi registrado nas Eleições 2024 no Brasil.
A campanha envolvendo a tinha baixa possibilidade de vitória e de fato não se concretizou: Miller ficou em quarto lugar nas primárias e não vai concorrer como um dos dois candidatos na eleição final. Porém, a controvérsia em torno do uso de uma máquina na política pode garantir a ele uma maior visibilidade para o futuro.
Votando em uma IA
Miller é um bibliotecário por profissão, além de entusiasta de IA, e nunca teve qualquer experiência como político. Ele concorre em Cheyenne como um candidato independente, ou seja, sem vinculação a um partido.
Segundo ele, o VIC é capaz de tomar decisões “sem viés” e com uma experiência que nenhum político humano tem, como uma base de dados alimentada com documentos da administração pública, reuniões anteriores e sobre assuntos de interesse da cidade.
Victor Miller e um de seus banners de campanha.Fonte: Rod Miller/Washington Post
Durante uma reportagem, o site Wired perguntou a VIC quais seriam suas políticas de governo. A resposta incluiu temas genéricos como transparência, desenvolvimento econômico, apoio à economia local e o uso de novas tecnologias pra melhorar serviços públicos.
Só que a candidatura correu riscos por um motivo bem curioso: VIC é um chatbot personalizado criado a partir do modelo de linguagem GPT-4 da OpenAI, mas a empresa não autoriza o uso de sua plataforma em campanhas políticas. Até por isso, a conta de Miller foi banida e ele agora busca outras plataformas que permitam a sua utilização.
Miller perdeu a eleição em Wyoming, mas já iniciou uma organização chamada Rational Governance Alliance (RGA) que promete expandir a ideia de usar da IA em decisões governamentais.