A rede social X anunciou o fim das operações no Brasil no último sábado (17), após um novo capítulo da briga da plataforma com o Supremo Tribunal Federal (STF) e, mais especificamente, o ministro Alexandre de Moraes. O serviço, porém, segue liberado para acesso no país.
Até o momento, não há maiores desdobramentos nesse caso, mas a campanha iniciada há alguns meses contra Moraes pelo bilionário Elon Musk, dono do serviço, pode ter atingido um momento decisivo. O empresário acusa o STF de censura porque o órgão pediu informações sobre donos de perfis envolvidos em investigações judiciais, além do bloqueio de certas contas que fazem parte das acusações.
O Estadão consultou especialistas da área digital para entender o que esse encerramento pode significar para o futuro da rede social em território nacional.
O que pode acontecer com o X no Brasil
Segundo as fontes consultadas pela reportagem, o X pode continuar operando normalmente em território brasileiro. Por falta de uma regulamentação de redes sociais no país, a empresa é capaz de oferecer os serviços aos usuários apenas com advogados representando a marca por aqui ou um representante que atua somente nos bastidores e quando acionado.
Essa é a abordagem do mensageiro Telegram, que há anos se envolve em disputas judiciais por falta de colaboração com as autoridades e até já foi bloqueado no país por alguns dias em um desses casos.
O perfil de Musk no X, antigo Twitter.Fonte: GettyImages
O X só deve sair do ar no Brasil no caso de uma ordem judicial que exija a remoção da plataforma, algo que ainda não aconteceu. As punições impostas pelo STF até o momento incluem multa e até a detenção dos representantes da companhia. Com a falta de representantes oficiais no Brasil, porém, as chances de que o X cumpra com decisões judiciais por vontade própria caem ainda mais e as sanções podem escalar para um bloqueio.
Além disso, as operações do X no Brasil já eram muito restritas. Musk fez uma demissão de grandes proporções no então Twitter em novembro de 2022, logo na mudança da gestão, e outro corte no Brasil em janeiro do ano seguinte. A companhia não informou a quantidade de pessoas que ainda estavam empregadas pela marca no país.
Musk, entretanto, não deve encerrar as atividades do X no Brasil por vontade própria — ele possivelmente espera que o STF ceda às ameaças e reduza o cerco contra a companhia. Aliado de políticos conservadores de diversas partes do mundo, o bilionário já se envolveu em polêmicas por política em regiões como na União Europeia como um todo, nos Estados Unidos e até na Venezuela.