O Google cogitou impedir que usuários de iPhone utilizassem ferramentas com inteligência artificial no Safari, revelou um documento publicado em uma investigação nos Estados Unidos. A empresa considerou restringir as funções com IA para aumentar a adesão do Chrome no iOS. As informações são do site The Information.
O documento mostra que, em 2024, o Google contratou Robby Stein, ex-funcionário do Instagram e do Yahoo, para supervisionar as estratégias de popularização do Chrome no iOS. Uma das ideias propostas pelos executivos da Gigante das Buscas era tirar o AI Overview — ferramenta com IA que sugeriu colocar cola branca em pizzas — do Safari, impedindo que usuários do navegador aproveitassem a novidade.
Dessa forma, a empresa aproveitaria a ausência do recurso para promover o próprio navegador, assim fortalecendo a presença do Chrome dentro do ecossistema da Apple. Segundo o Google, é um desafio muito grande convencer donos de iPhone a usar qualquer outro navegador que não o Safari, instalado nativamente no celular.
Ao restringir o acesso das ferramentas de IA no Safari, o Google estaria impulsionando o próprio navegador.Fonte: GettyImages
De acordo com o documento, a ideia de restringir o acesso ao AI Overview foi rejeitada pelo comando da empresa. Por isso, atualmente o AI Overview continua acessível a partir do Safari (nas regiões em que a função está disponível).
Relação tensa
O Google e a Apple mantém uma relação delicada no mercado de navegadores. Todo ano, o Google renova um acordo bilionário para manter o próprio buscador como alternativa padrão no Safari.
Essa parceria é bastante antiga, porém. O Google é o mecanismo de busca padrão de dispositivos da Apple desde 2002.
Porém, o Google quer que as buscas passem a acontecer em aplicativos próprios — isto é: o app Google ou o Chrome. Para isso, a empresa trabalha há anos para atrair mais usuários.
Nos últimos cinco anos, o Google conseguiu aumentar a quantidade de buscas em próprios apps de 25% para 30%. Até 2030, a empresa espera elevar o número em 50%, disseram funcionários envolvidos na iniciativa.
Contudo, essa colaboração entre as gigantes chamou a atenção de autoridades dos Estados Unidos: o Departamento de Justiça do país avalia se o pagamento do Google acaba minando a concorrência, impedindo o crescimento de concorrentes.
A decisão gerada a partir das investigações não foi publicada ainda, mas deve ser divulgada nos próximos meses.