A maior parte da comunidade científica acredita na teoria da evolução de Charles Darwin, mas também há quem prefira acreditar nos estudos do tema desenvolvidos pelo naturalista e biólogo britânico Alfred Russel Wallace.
No caso de Darwin, sua teoria afirma que a seleção sexual impulsionou a variação de cores e padrões em borboletas machos, contudo, não faz parte da seleção natural; enquanto isso, Wallace discordou do conceito.
Segundo Alfred, a seleção natural desempenhava um papel tão importante quanto a seleção sexual, mas Darwin descreve que a seleção sexual estava apenas relacionada ao sucesso do acasalamento. Um novo estudo publicado na revista científica Communications Biology sugere que um time de pesquisadores conseguiu entender melhor os conflitos dessa questão por meio do uso de inteligência artificial (IA).
Os cientistas utilizaram um modelo de aprendizagem automática para analisar mais de 16 mil imagens de partes dorsais e ventrais de borboletas asas-de-pássaro. O objetivo foi compreender as variações sexuais e interespecíficas desses insetos.
O impasse entre Darwin e Wallace, sobre as variações de cores entre as borboletas persiste por 150 anos. Fonte: Getty Images
A espécie foi escolhida devido às suas características distintas em machos e fêmeas. Comumente, as diferenças evolutivas são melhor observadas a olho nu nos machos, mas a IA permitiu que eles descobrissem evoluções inéditas nas borboletas fêmeas.
“Este é um momento emocionante, quando a aprendizagem automática permite testes novos e em grande escala de questões de longa data na ciência evolutiva. Pela primeira vez somos capazes de medir a extensão visível da evolução para testar quanta variação está presente em diferentes grupos biológicos e entre machos e fêmeas. A aprendizagem automática possibilita novas informações sobre os processos evolutivos que geram e mantêm a biodiversidade, inclusive em grupos historicamente negligenciados”, disse uma das autoras e associada da Universidade de Essex (Reino Unido), Jennifer Cuthill.
O conflito de Darwin e Wallace: machos e fêmeas
Darwin acreditava que os machos tinham mais variações evolutivas, enquanto as fêmeas tinham menos, pois suas escolhas eram baseadas na aparência de seus parceiros. Para Wallace, a seleção sexual era justamente a maior diferença. Os resultados da IA apontam que, apesar de os machos terem formas mais variadas, as fêmeas também apresentam uma diversidade evolutiva tão grande quanto.
A imagem apresenta as borboletas asa-de-pássaro; à esquerda estão as fêmeas e à direita, os machos.Fonte: Natural History Museum / Universidade de Essex
O modelo de Inteligência Artificial aponta que as diferenças evolutivas foram observadas nos dois sexos das borboletas. Os machos mostraram uma maior variação na aparência, provavelmente devido à característica descrita por Darwin. Porém, as fêmeas também apresentaram evoluções sutis que não podem ser observadas a olho nu.
Apesar de citar a borboleta asa-de-pássaro, os cientistas afirmam que as diferenças evolutivas são mais óbvias em machos de todas as espécies. Felizmente, a tecnologia atual conseguiu detectar as mudanças evolutivas nas fêmeas — no fim, tanto a seleção sexual quanto a natural parecem ser de grande importância. O resultado ‘abre as portas’ para mais estudos de evolução na área, principalmente com o uso de técnicas de aprendizado de máquina.
“No entanto, dentro do grupo de borboletas com asas de pássaros, encontramos exemplos contrastantes em que as fêmeas das borboletas com asas de pássaros são mais diversas no fenótipo visível do que os machos, e vice-versa. A alta diversidade visível entre as borboletas machos apoia a importância real da seleção sexual a partir da escolha do parceiro feminino na variação masculina, como originalmente sugerido por Darwin”, disse um dos autores do estudo, o Dr. Hoyal Cuthill, em um comunicado oficial.
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