Talvez as questões mais profundas – e as mais maravilhosas – de todas as questões já feitas digam respeito ao nosso lugar no Universo. Por que estamos aqui? Estamos sós na imensidão do espaço?
Após 13,8 bilhões de anos de evolução cósmica, 4,5 bilhões de anos desde a formação da Terra e do Sistema Solar e pelo menos cerca de 4 bilhões de anos desde que a vida surgiu no nosso planeta, os seres humanos conseguiram fazê-la. Essa é a primeira vez que a Terra abriga uma civilização inteligente, senciente e tecnologicamente avançada.
Radiotelescópios podem ser utilizados para detectar ondas de rádio de possíveis fontes artificiais no Universo.Fonte: VLA/NRAO
Hoje conseguimos vasculhar o universo profundo, recebemos sinais em todas as faixas do espectro eletromagnético, identificamos as suas origens e propriedades e até começamos a nos aventurar para o espaço exterior, viajando para além dos limites da atmosfera planetária.
Embora estejamos à procura de outros sinais de vida inteligente no Universo há mais de meio século, até agora ainda não obtivemos provas robustas da sua existência.
No entanto, paralelo a isso, alguns cientistas têm defendido uma comunicação inversa: ao invés de escutarmos, devemos transmitir em “voz alta” a nossa localização para atestarmos a nossa presença, na esperança de atrair a atenção e estabelecer contato com alguma civilização que porventura possa estar escutando. Já outros acham que esta é uma péssima estratégia e potencialmente autodestrutiva.
Afinal de conta, há riscos ao estabelecer uma comunicação com outras civilizações extraterrestres? Em caso afirmativo, quais seriam eles?
Representação artística de como seria um contato presencial entre humanos e seres extraterrestres.Fonte: Getty Images
Essa é uma questão interessante de se explorar mesmo do ponto de vista especulativo, uma vez que, embora as probabilidades sejam desconhecidas, mudanças sociais extremas e o próprio futuro da humanidade podem estar em jogo.
Como ainda não sabemos se existe vida fora da Terra e muito menos como esta seria, o que podemos fazer, até então, é categorizar possibilidades em 5 grupos distintos.
- Cenário 1: Encontramos vida simples (como micro-organismos) em nosso próprio quintal cósmico através da descoberta de estruturas fossilizadas, adormecidas ou mesmo ativas de origem não terrestre;
- Cenário 2: Encontramos sinais indiretos de vida em um exoplaneta em torno de uma estrela distante. Por meio de imagens diretas ou de espectroscopia de trânsito, um sistema com vida possuiria assinaturas específicas que possibilitariam essa conclusão;
- Cenário 3: Recebemos e decodificamos um sinal eletromagnético (em ondas de rádio ou outra frequência) de uma civilização extraterrestre avançada;
- Cenário 4: Recebemos a visita direta de alienígenas. Esta é a esperança daqueles que investigam fenômenos aéreos e objetos voadores não identificados;
- Cenário 5: Outras civilizações estão focadas em captar sinais e não em enviá-los, então nós deveríamos fazer a transmissão;
Os 3 primeiros cenários são buscados e estudados seriamente pelos cientistas. O quarto continua envolto em muita pseudociência e teorias da conspiração, e o quinto, sem dúvidas, traz à tona uma número sem fim de medos e esperanças.
Se alguma civilização estiver captando nossos sinais de rádio desde que começamos a enviá-lo para o espaço, são estes os programas televisivos que eles estariam recebendo.Fonte: Abstroose Goose/Fox News
Ao enviarmos um sinal para o espaço, quando ele chegasse a um local onde houvesse alguém escutando dentre alguns anos-luz de distância, eles (seja lá quem forem) poderíamos receber um sinal de volta, obtendo finalmente uma resposta à nossa pergunta de longa data, como quem diz: sim, estamos na escuta, também existimos!
Neste caso, uma comunicação interplanetária amistosa poderia ser estabelecida (com a evidente limitação das vastas distâncias astronômicas envolvidas) onde conhecimentos e técnicas – inúmeras certamente inéditas para nós – seriam compartilhados em benefício mútuo.
Mas, como todo fã de ficção científica sabe bem, para cada esperança há um medo proporcional equivalente. Há também as possibilidades de: não haver ninguém lá fora para receber nosso sinal; que alguém receba nossa mensagem, mas simplesmente nos ignore, decidindo não nos responder; ou, ainda pior, que os alienígenas recebam nosso sinal e respondam em nossa direção com intenções maliciosas.
Cenário hipotético de invasão de uma civilização alienígena tecnologicamente superior.Fonte: Getty Images
Nesse cenário, ao anunciar a nossa presença no Universo, poderíamos estar abrindo portas para uma civilização predatória e potencialmente saqueadora, dotada de uma tecnologia avançada além da nossa. Dada a lacuna nesse poderio, uma eventual guerra seria curta, brutal e com fim trágico para os humanos.
Contudo, a verdade honesta é que sem mais e melhores informações sobre o Universo, jamais poderemos saber ao certo, mesmo se existir vida inteligente em outros lugares. Este é um exercício mental e inteiramente especulativo, impulsionado na maioria pela nossa própria imaginação e pelo nosso conhecimento de acontecimentos passados que ocorreram aqui na Terra.
No entanto, independentemente de existirem extraterrestres inteligentes, independentemente das suas intenções malévolas ou benevolentes, um fato permanece inegável: para todos os problemas que a humanidade tem, não há nenhuma prova de que alguma ajuda venha de fora do planeta para nenhum deles.