De acordo com um novo estudo publicado na revista científica Cell, algumas regiões do Nordeste do Brasil têm o risco de sofrer com abalos sísmicos que podem destruir casas e interromper serviços. Produzido por uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o artigo aponta que alguns desses tremores podem alcançar mais de 5,0 na escala Richter (mR).
Os pesquisadores brasileiros, José Augusto Silva da Fonsêca e Aderson Farias do Nascimento, ao lado do cientista polonês Stanislaw Lasocki, avaliaram os riscos com base nos dados disponibilizado pelo Catálogo Sísmico Brasileiro (SISBRA) e da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR).
Os cientistas apontam que o risco sísmico depende de três componentes fundamentais: fonte, caminho e local. A partir dos dados analisados, eles descobriram que podem ocorrer terremotos prejudiciais com mais de 5,2 na escala Richter na região Nordeste do país, provavelmente, nos próximos 50 anos. Grande parte do território brasileiro está ‘protegida’ porque está localizada na Região Continental Estável (SRC) da América do Sul, onde há os menores níveis sísmicos registrados do planeta.
“Regiões continentais estáveis representam desafios únicos para a realização de Análises Probabilísticas de Riscos Sísmicos porque os mecanismos que impulsionam a atividade sísmica são mal compreendidos. O Nordeste do Brasil é uma região continental estável, exibindo eventos de tamanho moderado registrados com intensidades sísmicas significativas e provocando o colapso de edifícios mal construídos no último século. Assim, avaliar o risco sísmico é fundamental para a mitigação do [problema]”, os cientistas escreveram no estudo.
Abalo sísmico no Nordeste
O Nordeste do país tem 50% de chances de sofrer terremotos de magnitudes entre 4,7 e 5,1 nos próximos 50 anos, mas há também 10% de possibilidade de tremores entre 5,5 e 6,2 na escala mR. Durante o período de cheia na última semana, a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, sofreu com quatro pequenos tremores que alcançaram 2,3 e 2,4 de magnitude.
Apesar da possibilidade do tremor no Nordeste, o Brasil está localizado em uma região significativamente segura contra terremotos.Fonte: Cell
De qualquer forma, os cientistas explicam que o risco sísmico no Nordeste é menor em comparação com outras áreas onde existem zonas sísmicas mais ativas. Porém, isso também pode ser um tipo de problema. Uma região com baixa sismicidade apresenta poucos dados para análise, mas esses dados são considerados necessários para determinar com precisão a localização da fonte dos possíveis tremores.
“Nossa análise mostrou que no Nordeste do Brasil, em 50 anos, terremotos de magnitudes de 4,7 a 5,1 têm probabilidades de excedência de 50%, e de 5,5 a 6,2 têm probabilidades de excedência de 10%. Tais terremotos podem danificar edifícios consideravelmente mal construídos no Nordeste do Brasil. Considerando um período de 10.000 anos, adequado para infraestruturas críticas, são esperadas magnitudes máximas credíveis na faixa de 6,4–6,6. No entanto, no Nordeste do Brasil, o risco sísmico é menor quando comparado com áreas intraplaca altamente ativas, por exemplo, a zona sísmica de Nova Madrid”, o estudo conclui.
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