Como é usar os notebooks que custam acima de R$ 12 mil? g1 testou 3 modelos

Portáteis da Apple, Dell e Samsung custam caro e vêm até com recursos para facilitar o uso de inteligência artificial – mas não é algo que mude a vida de quem usa por enquanto. Guia de Compras: teste com 3 notebooks topo de linha
Ighor Jesus/g1
Qual a diferença de um notebook para trabalhar, jogar e estudar que custa na faixa dos R$ 4.000 e um que passa dos R$ 12 mil? Muita coisa.
Design, acabamento, resolução da tela, processador e placa de vídeo de última geração. Tudo para não travar nada, nunca, com o extra de ter um computador bonitão.
O Guia de Compras testou três notebooks topo de linha lançados nos últimos meses nas lojas on-line:
Apple MacBook Air M3
Dell XPS 13 Plus
Samsung Galaxy Book4 Ultra
Preço alto e configurações avançadas não significam perfeição, mas deixam a vida bem mais fácil na hora de usar o computador.
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Veja o resultado dos testes a seguir e, no final da reportagem, a conclusão e como foram feitos os testes.
Apple MacBook Air 15″
O MacBook Air é um notebook com opções de tela de 13 e 15 polegadas e, apesar de ser um produto da Apple, não é o mais caro do teste.
Com tela de 15,3″, o portátil era vendido na faixa dos R$ 13.000. A versão de 13”, que tem quase a mesma configuração, custava a partir de R$ 12.000.
O modelo enviado para os testes traz com uma construção em alumínio na cor “meia-noite” (cinza-escuro) e que pesa 1,51 kg.
A Apple diz que o acabamento específico dessa cor oferece uma proteção adicional contra as marcas de dedos no produto, mas, na prática, as impressões digitais seguem lá.
Detalhe do acabamento do MacBook Air e as marcas de dedo na superfície, com os conectores MagSafe e USB-C na lateral do notebook
Henrique Martin/g1
O Air utiliza o processador M3, desenvolvido pela Apple, e roda o sistema operacional Mac OS 14 “Sonoma”.
Esse chip conta com uma parte chamada Neural Engine, que é dedicada para lidar com recursos de inteligência artificial direto no computador – como já ocorre nos iPhones, por exemplo.
O Samsung Galaxy Book4 Ultra também vem com uma NPU (“unidade de processamento neural”) para uso de IA em algum momento.
No uso cotidiano, o MacBook Air mostra duas vantagens desse recurso de IA embarcada: fazer chamadas de áudio e vídeo com maior qualidade no som e na imagem.
Vale ressaltar que, entre os três aparelhos do teste, a webcam do MacBook Air foi a que teve a melhor qualidade de vídeo.
A câmera tem resolução Full HD (1080p) e permite ajustes de iluminação, desfoque de fundo (modo Retrato, como no iPhone) e redução de ruídos no som.
E, se você não perceber e der um “joinha” em frente à câmera, podem aparecer efeitos especiais no fundo – que variam de acordo com o gesto. Mas aí a imagem pode ficar um pouco escurecida.
Câmera do MacBook Air: sem efeito, com efeito de desfoque e luz, com joinha e fogos de artifício
Reprodução
No uso cotidiano, o MacBook Air se destaca pelo touchpad bem grande e pelo teclado retroiluminado. O sistema de áudio, com seis alto-falantes, reproduz som bastante claro, nítido e vibrante.
A tela com resolução 2.880 x 1.864 também é boa para editar fotos e vídeos e assistir a streamings. O Mac não travou em nenhum momento durante a utilização, mesmo com menos memória RAM que os concorrentes.
O modelo da Apple tinha apenas 8 GB de RAM instalada e 256 GB de armazenamento SSD, o menor na comparação entre os concorrentes. Os notebooks da Dell e da Samsung têm 32 GB de RAM e 1 TB de SSD.
O botão de liga/desliga funciona como leitor de digitais para desbloquear o sistema de forma mais rápida, sem precisar digitar senhas. O Galaxy Book4 Ultra também tem um sistema similar de desbloqueio.
O MacBook Air é minimalista nas conexões, sendo parecido com o Dell XPS 13: são apenas duas portas USB-C/Thunderbolt. O computador tem uma saída para fones de ouvido convencionais.
Diferente de MacBooks mais antigos (veja o teste), essa geração do Air utiliza um conector chamado MagSafe (com ímãs) para recarregar a bateria. Assim, os dois conectores USB-C ficam livres para uso com outros dispositivos.
Mas, se for necessário, dá para recarregar a bateria pelo USB-C também. O adaptador de tomada de 35W tem duas conexões – para carregar o notebook e um celular ou tablet, por exemplo.
A bateria do MacBook Air dura bastante, chegando a 8h de uso com 55% de carga disponível, a maior entre os três portáteis avaliados. Segundo a Apple, a bateria pode durar até 18 horas.
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Dell XPS 13 Plus
O Dell XPS 13 Plus é um notebook diferente, bastante leve (1,26 kg) e que chama a atenção por ser pequena e bastante poderosa na configuração técnica.
A fabricante diz que ele se encaixa na categoria dos “ultraportáteis”. A máquina é a mais barata entre os produtos avaliados, sendo vendida por R$ 12 mil nas lojas da internet consultadas no início de maio.
Ao abrir o notebook pela primeira vez, deu a impressão de que o produto não tem um touchpad, como dá para ver abaixo.
Dell XPS 13: o touchpad fica escondido
Henrique Martin/g1
Essa área é recoberta em vidro e integrada ao apoio dos pulsos – a parte para navegação está ali no meio, disfarçada. Parece esquisito, mas é algo fácil de acostumar-se no uso cotidiano.
O XPS 13 Plus é um computador mais compacto que os concorrentes. Tem uma tela de 13 polegadas de altíssima definição (4K, com 3.840 x 2.400 pontos) com bordas bastante finas.
O display é sensível ao toque – recurso que o modelo da Samsung avaliado também tem.
Apesar da tela touch, nenhum dos dois (Dell e Samsung) vira tablet, já que a tela tem um limite de ângulo ao ser aberta.
O acabamento é feito em alumínio, na cor cinza chumbo.
Usar a resolução 4K em um aparelho de 13” é quase um exagero: por ter mais pontos (pixels) concentrados, a imagem fica muito nítida e definida, seja em vídeos ou fotos.
Mas nem pense em deixar a configuração de tela do Windows com zoom de 100% – tudo vai ficar muito pequeno. É melhor deixar sempre no padrão de 300% para conseguir usar os aplicativos e navegar na web.
O notebook, na configuração enviada para os testes, veio com um processador Intel Core i7 de 13ª geração (entenda as diferenças), 32 GB de RAM, 1 TB de armazenamento SSD e placa de vídeo integrada Intel Iris Xe.
A marca também oferece versões mais baratas (na faixa de R$ 10 mil) com 16 GB de RAM, tela com resolução Full HD e processadores menos poderosos.
A Dell não cita o termo IA para esse modelo específico, mas o recurso Copilot, da Microsoft, que é um recurso de inteligência artificial w assistente de geração de textos/tira dúvidas, vem pré-instalado no Windows.
A webcam com resolução 720p é boa, com recursos de zoom, mas sem desfoque automático do fundo integrado, como ocorre no MacBook Air. Mas consegue reconhecer rostos e objetos, como na imagem abaixo:
Dell XPS 13 Plus: câmera com boa qualidade
Reprodução
O desempenho do portátil foi muito bom durante o uso cotidiano, durante chamadas de vídeo e edição de textos.
O único “problema” do sistema é que, ao apoiar o pulso na área ao redor do touchpad, os dedos podem tocar a barra de funções do teclado e alterar o volume a todo momento. A solução foi encolher os dedos enquanto não estavam digitando no teclado.
O Dell XPS 13 tem quatro alto-falantes estéreo, também com uma ótima qualidade de som.
O modelo não conta com um leitor de impressões digitais para desbloquear a máquina, como ocorre no MacBook Air e no Galaxy Book4 Ultra. Ao levantar a tela, luzes infravermelhas ao lado da webcam piscam e faz o reconhecimento facial do usuário, como se fosse em um celular.
Assim como também ocorre com o Apple, o XPS 13 tem apenas duas portas USB-C/Thunderbolt, sem uma entrada extra para o carregador da bateria.
A Dell inclui na caixa do produto um adaptador USB-C para USB convencional (veja as diferenças) e um USB-C para fone de ouvido/microfone com fio.
A bateria do XPS 13 foi a que durou menos nos testes, chegando a 25% após 6 horas de uso com navegação na web, assistindo vídeos e editando de textos.
O carregador rápido pode levar a bateria a até 80% da carga em uma hora, segundo a fabricante.
Samsung Galaxy Book4 Ultra
O Samsung Galaxy Book4 Ultra é o maior notebook, com tela de 16”, mais pesado (1,86 kg) e caro do teste: custava R$ 19.000 nas lojas da internet consultadas em maio.
A diferença principal para os modelos da Apple e da Dell está na configuração da Samsung, cheia de itens de última geração.
Ela conta com um processador Intel Core 9 Ultra, 32 GB de RAM, 1 TB de armazenamento e placa de vídeo dedicada Nvidia RTX 4070.
O chip da Intel vem com uma NPU (unidade de processamento neural) para auxiliar em atividades de inteligência artificial. Mas não tem muito o que fazer na máquina com isso por enquanto.
Existem poucos e específicos aplicativos disponíveis que conseguem aproveitar os recursos da NPU. Um deles é o editor de fotos Gimp, que precisa ser baixado separadamente.
Na teoria, o Gimp consegue utilizar um recurso instalado à parte para acessar o sistema Stable Diffusion e criar imagens com IA. Na prática, não deu certo.
Pelo menos o recurso Microsoft Copilot já vem instalado no sistema Windows, com fácil acesso para fazer buscas na internet e gerar textos sobre temas específicos.
A Samsung também oferece um aplicativo (Galeria) para editar e aprimorar imagens, que funciona direito. Com uma foto feita em 2013, a qualidade melhorou bastante. Veja a seguir.
App Galeria aprimora fotos usando IA – a foto, de 2013, com o lado original (à esquerda) e editado (à direita)
Henrique Martin/g1
Outro uso potencial de IA no Galaxy Book4 seria usar a NPU para processar o vídeo em chamadas no Microsoft Teams ou Google Meet.
A Apple faz isso direito no MacBook Air, com desfoque e mudança na iluminação. A câmera do Galaxy Book4, com resolução Full HD (1.920 x 1.080 pontos), não entendeu a função e funcionou sem efeitos nas chamadas. A qualidade da imagem foi a pior dos três modelos do teste.
A tela tem resolução 2.880 x 1.800 e é sensível ao toque, como o Dell.
Segundo a Samsung, a tela tem uma camada protetora contra reflexos. O notebook veio na cor grafite (cinza) e a fabricante não indica o material utilizado no acabamento do produto.
O desbloqueio do notebook é feito com a impressão digital.
A qualidade de som é muito boa, como nos concorrentes. São quatro alto-falantes instalados no computador.
Um diferencial do Samsung em comparação ao Apple e ao Dell é que, por ser maior, tem mais espaço para conexões: são duas portas USB-C/Thunderbolt 4, uma HDMI, uma USB convencional, saída para fone de ouvido/microfone com fio e leitor de cartões padrão microSD.
O tamanho maior também permitiu à fabricante instalar um teclado numérico no notebook.
Por conta das colunas adicionais no teclado, o trackpad fica um pouco fora de centro e é preciso se acostumar para não errar na digitação e nos cliques. Veja abaixo como é.
Teclado do Galaxy Book4 Ultra e o touchpad fora de centro
Henrique Martin/g1
A bateria do Galaxy Book4 Ultra atingiu 43% de carga após 8 horas de uso, ficando um pouco abaixo do desempenho da bateria do MacBook Air, da Apple.
Diz a Samsung que a carga pode durar até 21 horas e que o carregador rápido consegue “encher” 55% da carga em apenas 30 minutos.
Conclusão
Por que essas máquinas são mais caras? A resposta está no tipo de componente usado nesses notebooks mais básicos que servem também para jogar, estudar e trabalhar.
A resolução das telas é maior, muitas vezes elas são sensíveis ao toque (como nos modelos da Dell e da Samsung), o acabamento e os materiais são diferentes.
Uma peça única de alumínio, como no MacBook Air e no Dell XPS 13 Plus, é bem mais complicada e cara de produzir que uma carcaça de plástico, por exemplo.
Os processadores utilizados também são mais avançados – os chips Core i7 e Core Ultra 9 são mais rápidos que os Core i3 ou Core i5 dos portáteis mais básicos.
As máquinas premium ainda contam com mais memória RAM e espaço de armazenamento e, como ocorre com o notebook da Samsung avaliado, uma placa de vídeo dedicada.
Um detalhe que passa quase batido – e é difícil de testar – é que as três máquinas do comparativo já vêm prontas para redes wi-fi padrão 6E, mais rápidas que o padrão Wi-Fi 5 presente na maioria dos roteadores que temos em casa.
Para testar isso, seria necessário usar um roteador compatível com a tecnologia.
Mas, em alguns anos, quando o padrão wi-fi 6E for mais popular, o dono de um desses notebooks vai poder acessar a internet mais rápido, por exemplo.
Quem compra um notebook desses? Quem se preocupa mais com os recursos e configurações da máquina do que com o preço – designers, fotógrafos, editores de vídeo, profissionais do mercado financeiro, por exemplo.
O produto também precisa ser durável e poderoso, com bastante duração da bateria e, se tiver carga rápida, melhor ainda.
Os modelos da Apple e da Dell são mais voltados para quem procura ter um portátil estiloso que aguente o tranco dos seus principais aplicativos.
Já quem busca o da Samsung quer desempenho máximo, com configurações muito avançadas.
A escolha entre eles vai depender do bolso de cada um. Os preços de Apple e Dell são mais próximos, entre R$ 12 e R$ 13 mil; o Samsung vai na casa dos R$ 19 mil – lembrando que os valores costumam oscilar e até cair ao longo do ano.
Preciso comprar um notebook com recursos de inteligência artificial agora? Apenas se seu trabalho ou estudo precisar de um aplicativo que vá utilizar o recurso do Neural Engine (na Apple) ou a NPU nos computadores com processador Intel de última geração (14ª).
Para pessoas comuns, isso não faz muita diferença agora – já que os apps com IA ainda são raros de encontrar e usar.
Como foram feitos os testes
O g1 solicitou aos fabricantes notebooks lançados entre o final de 2022 e o início de 2023 com configurações de topo de linha, com processador Apple M2 ou M3, Intel Core i7 ou i9/9 Ultra (de 13ª ou 14ª gerações, as mais recentes).
O tamanho da tela poderia variar entre 13 e 17 polegadas. Os produtos foram enviados por empréstimo e serão devolvidos.
Os testes foram feitos com uso diário dos notebooks em uma jornada de trabalho de 8 horas. Foram avaliadas a duração da bateria, especificações técnicas e o desempenho com navegação na web, edição de textos e planilhas, participar de videochamadas e assistir a séries no streaming.
Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável. 
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