Em um estudo publicado na revista científica Journal of Geophysical Research: Solid Earth, um grupo de pesquisadores utilizou diferentes dados para compreender a influência do manto da Terra na topografia da superfície terrestre. Para isso, eles precisaram investigar dados como medições globais da espessura da crosta terrestre e a velocidade com que as ondas sísmicas viajam ao redor do globo.
Após a análise das informações coletadas, os cientistas perceberam que existem algumas variações na temperatura e na química do manto. Além de ser responsável pela formação da topografia e de outras características únicas, os dados também indicam que as ondas do mar surgem em áreas onde o manto apresenta temperaturas mais quentes.
Os pesquisadores apontam que criaram duas novas bases de dados para compreender como o manto afeta a topografia. Uma delas reúne mais de 26 mil medições de espessuras da crosta e de velocidade sísmica coletadas em todo o planeta, a outra compila informações de temperatura, densidade, pressão, entre outras. Após a análise, os cientistas detectaram algumas influências do manto na topografia da Terra.
“A topografia continental é predominantemente controlada por uma combinação de variações de espessura e densidade da crosta terrestre. No entanto, é claro que algum componente topográfico adicional é suportado pela estrutura de flutuabilidade do manto litosférico e de convecção subjacente. O isolamento destas fontes secundárias não é simples, mas fornece informações valiosas sobre a dinâmica do manto. Aqui, estimamos e corrigimos o componente de elevação topográfica suportado pela crosta para obter anomalias topográficas residuais para os principais continentes, excluindo a Antártida”, o estudo explica.
Manto e topografia da Terra
Os resultados apontam que as diferenças na temperatura e na estrutura química do manto terrestre podem influenciar nas bordas das placas tectônicas. Essas diferenças formam bacias nessas regiões com mais de 1,5 quilômetros de profundidade, além de ondas nas áreas mais quentes com até 2 quilômetros de altitude.
Os cientistas acreditam que o artigo pode auxiliar em uma melhor compreensão sobre os efeitos do fluxo do manto e da superfície da Terra.Fonte: Getty Images
É importante destacar que essas formações topográficas podem levar milhões de anos para se desenvolver completamente. Para os cientistas, o artigo pode auxiliar na explicação da existência de magmatismo descoberto em áreas ao longo dos limites das placas tectônicas.
De qualquer forma, o estudo mostra como esse processo é crucial para a formação da Terra e que ele ocorre por meio de diferentes características, não apenas pelo movimento das placas tectônicas. Porém, os cientistas continuarão estudando o tema para detalhar ainda mais os processos internos do nosso planeta.
“Inferimos que um componente significativo da topografia residual é gerado e mantido por uma combinação de variação da espessura litosférica e convecção do manto subplaca. A composição litosférica poderia desempenhar um papel secundário importante, especialmente nas regiões cratônicas”, o artigo conclui.
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