Uma equipe de cientistas da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, sugere que o enfraquecimento do campo magnético da Terra pode ter aumentado os níveis de oxigênio e possibilitado um melhor desenvolvimento da vida terrestre. Contudo, muitos dados atuais sugerem que neste colapso, há aproximadamente 590 milhões de anos, a vida foi enfraquecida e o planeta sofreu com um aumento da radiação cósmica.
Publicado na revista científica Communications Earth & Environment, o estudo propõe que a catástrofe na Terra primitiva possa ter auxiliado, e não piorado, no florescimento da vida no planeta. Os pesquisadores coletaram amostras de rochas ígneas da África do Sul, formadas há bilhões de anos; eles também estudaram rochas encontradas no Brasil, formadas há 591 milhões de anos.
Segundo os autores, as amostras contêm dados sobre a intensidade do campo magnético durante aquele período. Após a análise, eles descobriram que a força era mais intensa há aproximadamente 2 bilhões de anos, mas que enfraqueceu significativamente nos 1,5 bilhões de anos seguintes. Na ocasião, o campo magnético ficou até 30 vezes mais fraco do que apresentam as medições atuais.
“O campo magnético da Terra estava num estado altamente incomum quando os animais macroscópicos da Fauna Ediacarana se diversificaram e prosperaram. Qualquer conexão entre esses eventos é tentadora, mas pouco clara. Aqui, apresentamos dados de paleointensidade de cristal único de piroxenitos e gabros de 2054 e 591 Ma que definem um declínio dramático de intensidade, de um campo Proterozóico forte como o de hoje, para um valor Ediacarano 30 vezes mais fraco”, o artigo descreve.
Terra em colapso e o desenvolvimento da vida
Outro grupo de cientistas estudou amostras de rochas no Canadá e revelou que as assinaturas magnéticas mostravam evidências do enfraquecimento há cerca de 565 milhões de anos — no período Ediacarano. O artigo foi publicado em 2019 e os pesquisadores afirmaram que essa redução ocorreu durante o desenvolvimento da vida multicelular na Terra.
Os autores acreditam que o enfraquecimento do campo magnético da Terra resultou no aumento do oxigênio e, consequentemente, na evolução da vida.Fonte: Getty Images
Aliado ao estudo de 2019, os cientistas da Universidade de Rochester apontam que o período de enfraquecimento do campo magnético da Terra ocorreu entre 591 milhões e 565 milhões de anos atrás. Coincidência ou não, foi aproximadamente durante a mesma época que os níveis de oxigênio da Terra aumentaram.
É importante notar que nem todos concordam com essa hipótese. O famoso cientista Carl Sagan afirma que o florescimento da vida ocorreu devido à proteção da atmosfera e dos oceanos da Terra durante o colapso, não pela diminuição do campo magnético em si.
“Este intervalo de campos magnéticos ultrafracos se sobrepõe temporalmente à oxigenação atmosférica e oceânica inferida a partir de numerosos proxies geoquímicos. Esta concordância levanta a questão de saber se a perda aumentada de íons H em um campo magnético reduzido contribuiu para a oxigenação, permitindo em última análise a diversificação de animais macroscópicos e móveis da Fauna Ediacarana”, o artigo propõe.
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