A série de ficção científica O Problema dos 3 Corpos, dos criadores de Game of Thrones e True Blood, está dando o que falar. São vários temas que aparecem na trama e que levantam dúvidas científicas que estão fervilhando na mente dos fãs.
A série de oito episódios apresenta uma história envolvente que se passa por diferentes continentes e linhas do tempo. Tudo começa na China nos anos 1960, quando uma jovem toma uma decisão que repercute no espaço. Isso vai levar um grupo de cientistas a ter que se unir para tentar salvar o mundo de consequências terríveis.
Entenda a seguir a verdade sobre 5 mistérios centrais mostrados na série da Netflix.
1. O tanque em que Vera pula
O Problema dos 3 Corpos está recheado de cenas impactantes.
No primeiro episódio, a doutora Vera Ye (Vedette Lim) anda até uma plataforma no topo de um tanque e mergulha lá para a morte. Muita gente se pergunta o que seria esse enorme tanque. Ele é chamado de tanque Cherenkov e se trata de um detector de partículas que é usado para observar medir neutrinos, um tipo de partícula que vem do sol.
“Parte da razão pela qual eles são interessantes é que realmente não entendemos muito sobre eles, e suspeitamos que eles poderiam estar nos dando pistas para outros tipos de física no universo que ainda não entendemos”, explicou à Netflix o professor de física Matt Kenzie, que trabalha na Universidade de Cambridge e foi consultor científico em O Problema dos 3 Corpos.
2. A contagem regressiva nos olhos de Auggie
(Fonte: Netflix)Fonte: Netflix
Nos dois primeiros episódios, a nanotecnologista Auggie (papel de Eiza González) é assombrada por uma contagem regressiva que ninguém consegue ver, além dela. É algo que acontece dentro do seu olho.
Matt Kenzie afirma que a explicação para esse mistério tem a ver também como tanque detector de partículas. “Existe um fenômeno muito interessante chamado radiação Cherenkov, onde, em certos materiais, as partículas podem viajar mais rapidamente do que a luz nesse material. Eles então emitem essa radiação em um cone muito específico, um pouco como um estrondo sônico quando um motor a jato passa por cima – é o equivalente, mas com luz em vez de som”, afirma.
O cientista afirma que isso pode explicar o fenômeno que ocorre com Auggie. “Minha teoria sobre como essas imagens aparecem nas retinas ou na visão das pessoas no programa é que você poderia produzir luz Cherenkov no líquido do olho de alguém para fazer uma espécie de imagem aparecer – ou uma contagem regressiva'”, conclui.
3. O headset para jogos de realidade virtual
(Fonte: Netflix)Fonte: Netflix
No episódio 3, Jin (Jess Hong) e Jack (John Bradley) usam headsets que os fazem mergulhar no mundo de um jogo de realidade virtual. Isso os faz ser teletransportados para diferentes momentos da história.
Em O Problema dos 3 Corpos, esses headsets colocam os jogadores dentro de uma experiência imersiva muito realista, em que eles conseguem até sentir que estão sendo mortos. Acabam cruzando com uma espécie extraterrestre chamada San-Ti que está vivenciando um problema: seu planeta está condenado e eles tentam fugir para a Terra, e usam um jogo de realidade virtual justamente para encontrar os melhores cientistas, como Jin.
Segundo Matt Kenzie, não seria exatamente fácil produzir um headset como esse na vida real. “Basicamente, você terá que causar um curto-circuito no seu cérebro de alguma forma. Uma coisa é exibir uma imagem e produzir sons, mas realmente transmitir as sensações de olfato, tato e paladar – realmente parece que você está em outro lugar quando coloca este fone de ouvido e joga”, explica.
Para funcionar, o fone teria que interferir nos sinais neurológicos do nosso cérebro. “Existem experimentos em que você pode fazer as pessoas sentirem que estão sendo tocadas ou sentindo algum tipo de sabor”, pontua.
4. As nanofibras
(Fonte: Netflix)Fonte: Netflix
Na série, Auggie dirige uma empresa que projeta nanofibras de polímeros sintéticos automontáveis. Ela espera usar a tecnologia para resolver problemas mundiais. Mas, afinal, o que seriam essas tais nanofibras?
De acordo com Matt Kenzie, trata-se de um material com largura de nanômetros (com um milionésimo de milímetro de espessura) que pode ser feito de grafeno (uma camada de carbono com a espessura de um átomo). “Elas podem ser muito flexíveis e tendem a ser muito bons condutores de calor e eletricidade”, explica.
Essa tecnologia existe de fato, e é cultivada em laboratório sob condições específicas. Na série, ela é usada para cortada carne humana. Kenzie fala que as nanofibras são fortes o suficiente para isso. “Se você quisesse uma máquina que pudesse fazer cortes de precisão, então talvez fosse boa. Eu sei que eles também foram testados na segurança do mundo das munições. Se você precisa tornar um quarto à prova de balas ou um colete à prova de balas, eles são incrivelmente leves e fortes”, afirma.
5. O famigerado problema dos três corpos
(Fonte: Netflix)Fonte: Netflix
Afinal, qual é o tal problema que dá nome à série? De acordo com Matt Kenzie, ele ocorre quando três objetos celestes (planetas, estrelas ou sóis que estão próximos uns dos outros) exercem força um sobre o outro. Quando isso acontece, é mais fácil prever a sua rotação. “Assim que você tem três corpos ou mais exercendo força uns sobre os outros ao mesmo tempo, esse sistema entra em colapso. Se você tiver três corpos ou mais, a órbita se tornará caótica”, explica o cientista.
Na série, o planeta San-Ti tem um sistema solar de três sóis. Na prática, isso significa que ele oscila entre eras caóticas e mais estáveis. Quando o planeta gira em torno do sol, sua órbita é estável. Mas quando outro sol arrebata o planeta, ele vagueia no campo gravitacional, dando início a uma era caótica em que as condições para a vida se tornam extremas. E é por isso que ocorre o êxodo em massa dos San-Ti de seu planeta. “Não há soluções conhecidas para o problema dos três corpos”, finaliza o cientista.
E aí, você está assistindo O Problema dos 3 Corpos? Comente nas redes sociais do Minha Série!