Lançada no dia 11 de abril pela Netflix, Bebê Rena tem chamado atenção por sua história perturbadora sobre uma stalker que persegue um comediante. Conhecida como Martha na produção, ela não somente começa a aparecer em todos os locais onde Donny (Richard Gadd) vai, como também enche sua caixa de e-mails com mensagens.
Enquanto a série não mostra todos os 41.971 conteúdos enviados pela stalker, ela revela o conteúdo de algumas das mensagens reais que o comediante recebeu. Nelas, há um elemento em comum que tem chamado a atenção do público: o fato de todas serem finalizadas com a assinatura “enviado do meu iPhone”.
Por que Martha afirma que está escrevendo de seu iPhone?
O detalhe não chamaria muito a atenção, não fosse o fato de que a personagem não possui um iPhone, tampouco aparece usando um. Uma psicóloga consultada pelo site LADBible afirma que isso pode ser um sinal claro tanto da obsessão de Martha, quando do fato de ela ser incapaz de lidar com um trauma recente.
Em Bebê Rena, é revelado que, apesar de ter uma personalidade obsessiva, Martha chegou a se formar em direito e exerceu a profissão, antes de ser demitida por perseguir seu antigo chefe. Segundo a doutora Dannielle Haig, a assinatura pode ser usada pela stalker como uma forma de indicar que ela ainda pertence a uma classe profissional conhecida por ser respeitada.
“A assinatura é menos sobre o dispositivo real, e mais sobre o que ele representa: uma sensação de pertencer a uma classe profissional e a um mundo no qual ela era respeitada e bem-sucedida. É uma tentativa de projetar uma imagem de estabilidade e normalidade em contraste com sua vida atual”, explica a profissional.
A assinatura de Martha demonstra bem o estado de sua saúde mentalFonte: Divulgação/Netflix
Para a psicóloga, esse detalhe da série é eficiente ao mostrar os mecanismos que uma pessoa pode usar para lidar com traumas e procurar ligações com uma vida que não tem mais. “A história de Martha é uma ilustração crua do desejo humano por estima e das distâncias que alguém pode percorrer para manter a ilusão de quem foi no passado”.
Segundo Gadd, a retratação de Martha na série é diferente daquela da vida real. Ele afirma que tomou a decisão tanto para evitar que ela seja identificada quanto por reconhecer que a obsessão da pessoa real era fruto de um sistema que falhou em ajudá-la a cuidar de sua saúde mental.