O governo federal identificou um desvio de pelo menos R$ 3,5 milhões em recursos pertencentes ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) após acessos não autorizados ao sistema oficial de pagamentos da União, conforme revelou a Folha de S.Paulo ontem (23). Deste montante, R$ 2 milhões já foram recuperados.
De acordo com o jornal, o desvio do dinheiro ocorreu com a alteração dos dados bancários do fornecedor que deveria receber a quantia. Posteriormente, houve uma segunda tentativa de retirada de fundos das contas do MGI, no valor de R$ 9 milhões, que não foi finalizada com sucesso.
A investigação apura se mais valores foram desviados de outros ministérios após os acessos indevidos ao Siafi. (Imagem: Getty Images)Fonte: Getty Images/Reprodução
Reservado originalmente para um contrato de manutenção de software com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), o dinheiro desviado durante o acesso ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) foi enviado para a empresa Adonai Comércio. Registrada em Campinas (SP), ela tem o “comércio varejista de móveis” como atividade principal.
A transferência ilegal da quantia aconteceu no dia 28 de março, usando uma chave aleatória do Pix em nome da empresa, como detalha o relatório. O MGI só percebeu a irregularidade em 1º de abril, dando início aos procedimentos para tentar recuperar o dinheiro repassado sem autorização.
Mudanças no acesso ao sistema
Da quantia transferida ilegalmente, o ministério conseguiu recuperar R$ 2 milhões que ainda não haviam sido retirados da conta da empresa que recebeu os fundos, ao acionar o banco. O restante, R$ 1,5 milhão, não pode ser retomado pois já havia sido sacado ou repassado para outras contas.
A invasão ao Siafi segue sendo investigada pela Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Por sua vez, o governo realizou algumas mudanças no acesso ao sistema utilizado para o pagamento de credores, servidores públicos e o repasse de verbas para estados e municípios com o objetivo de reforçar a segurança.
Com as alterações, gestores financeiros e funcionários dos órgãos públicos que têm acesso ao Siafi agora precisam de um certificado digital emitido exclusivamente pelo Serpro para efetuar as transferências. Antes disso, era possível usar a assinatura digital fornecida por empresas privadas, bem como senha e a conta na plataforma Gov.br.