Em 2016, os astrônomos descobriram um estranho asteroide na Via Láctea, chamado de Kamo’oalewa, um objeto misterioso que pode ter se formado a partir de um pedaço da nossa Lua. Uma equipe de cientistas da Universidade de Tsinghua, na China, utilizou dados sobre a rocha para tentar compreender melhor sobre a sua origem; o nosso satélite natural realmente pode ser o seu local de nascimento.
Em um artigo publicado na revista Nature, os pesquisadores realizaram simulações que originaram as características de uma cratera correspondentes aos aspectos de Kamo’oalewa. Os resultados sugerem que o asteroide pode ter se originado na cratera Giordano Bruno, localizada no lado mais distante da Lua — o nome foi dado em homenagem ao filósofo, matemático e teólogo homônimo.
Os cientistas acreditam que talvez Kamo’oalewa não seja a única mini lua próxima da Terra, pois é comum que esse tipo de colisão crie um número maior de objetos; eles afirmam que o asteroide foi formado há apenas alguns milhões de anos. Em 2023, outro grupo de pesquisadores publicou um artigo que tentava resolver o mistério ao conectar o asteroide com um possível nascimento na superfície lunar.
“Exploramos os processos de migração de fragmentos lunares induzidos por impacto para o espaço co-orbital da Terra e apresentamos suporte para a possível origem de Kamo’oalewa na formação da cratera Giordano Bruno há alguns milhões de anos. Isto ligaria diretamente um asteroide específico no espaço à sua cratera de origem na Lua e sugere a existência de mais pequenos asteroides compostos de material lunar ainda a serem descobertos no espaço próximo da Terra”, o artigo descreve.
Kamo’oalewa: a ‘segunda lua da Terra’
Conforme os cientistas, a primeira evidência do parentesco com o nosso satélite natural é que o asteroide tem cores semelhantes às da Lua; além disso, como a luz reflete na superfície da rocha também é parecida. Após analisar essas características e comparar com os dados das propriedades orbitais de Kamo’oalewa, eles concluíram que ambos os corpos celestes podem ser parentes.
A imagem apresenta a cratera Giordano Bruno, fotografada durante a visita da sonda lunar Reconnaissance, da NASAFonte: NASA / Goddard / Arizona State University
O novo estudo também utilizou modelos de impactos lunares para tentar compreender a origem do asteroide. Assim, eles perceberam que poucas crateras atendem aos critérios de tamanho e idade do objeto cósmico. As rochas cósmicas deste tipo não permanecem próximas da Terra por mais de 100 milhões de anos, por isso ela deve ser mais jovem do que isso. Provavelmente, Kamo’oalewa tem entre 10 e 100 milhões de anos.
“É claro que as crateras maiores e mais jovens são fontes prováveis, pois produzem mais fragmentos que escapam e que ainda permanecem no espaço ou na região co-orbital da Terra. E, de fato, Giordano Bruno é a única cratera fonte possível que satisfaz o critério”, o estudo acrescenta.
De qualquer forma, é importante destacar que o estudo apenas sugere uma hipótese sobre o surgimento do asteroide. Então, ainda não há uma conclusão concreta para responder se Kamo’oalewa realmente se originou da Lua.
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