O mercado de games é bombardeado todos os anos de AAA’s com orçamentos estratosféricos — e a situação pode estar atingindo um ponto insustentável, segundo Shawn Layden, ex-CEO da PlayStation. De acordo com o executivo, a solução para esse problema seria diminuir os custos exorbitantes de produção e oferecer experiências mais diretas ao ponto.
Layden, que atualmente trabalha na Tencent, foi presidente da SIE entre 2016 e 2019 — uma época de ouro para o PS4, inclusive. Em entrevista recente ao Eurogamer, o executivo foi questionado se era suficiente continuar vendendo jogos para um público que não está crescendo em ritmo acelerado.
Jogos “top de linha” da geração PS4 custavam em média US$ 150 milhões
O ex-CEO da gigante japonesa reconhece que a indústria dos tempos modernos está focada em “obter mais dinheiro das mesmas pessoas”. Layden faz um adendo, afirmando que, até que isso mudasse, os custos de desenvolvimento de jogos deveriam diminuir.
“A cada geração, custa o dobro para desenvolver um jogo”, explicou ao veículo europeu. “O que custava US$ 1 milhão no PS1, custa US$ 2 milhões em seguida, depois US$ 4 milhões, depois US$ 16 milhões e por aí vai exponencialmente”.
“[Durante] a geração PS4, que foi a última com a qual estive associado, o desenvolvimento de jogos era de US$ 150 milhões se você quisesse ser o melhor do seguimento, e isso antes do marketing. Então, por essa matemática, os jogos de PS5 devem eventualmente atingir US$ 300 milhões a US$ 400 milhões, e isso é totalmente insustentável”, justificou.
Para o executivo, jogos atuais também são desnecessariamente longos
Questionado sobre como essa tendência atual poderia ser revertida para algo mais sustentável no mercado, Layden respondeu que “os jogos são muito longos”. Ele sugere que, embora a duração de um game costumava ser um dos principais argumentos de venda, à medida que o público médio envelheceu, uma longa aventura tornou-se algo menos atrativo para os jogadores.
“Por muito tempo, continuamos falando sobre ‘100 horas de gameplay’. ‘Isso vai ser incrível. São 100 horas de gameplay’, como se essa fosse a coisa mais importante de todas”, continuou. “Essa era uma das métricas quando o jogador médio tinha entre 18 e 23 anos. E quando você tem entre 18 e 23 anos, você tem muito tempo e pouco dinheiro”.
“Mas conforme a idade média dos jogadores se moveu para os 30, bem, é o oposto, certo?”, questionou. “Talvez você não seja rico em dinheiro, mas definitivamente é pobre em tempo. Então, acho que nossa abordagem é uma incompatibilidade com esse mercado e com a realidade”.
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