Os buracos negros continuam sendo um dos mistérios mais intrigantes da astronomia, mas a ciência já está trabalhando para compreender melhor as estranhas características dessas regiões do espaço-tempo que engolem tudo ao seu redor — até mesmo a luz.
Contudo, não existe apenas um tipo de buraco negro. Os especialistas explicam que essas regiões do espaço podem ser classificadas principalmente em três categorias: buracos negros estelares, supermassivos e de massa intermediária.
Os mais comuns no universo são os estelares e supermassivos, pois são os que foram mais observados pelos cientistas. Em geral, os buracos negros estelares são mais frequentemente encontrados, pois é mais comum que estrelas massivas esgotem seu combustível e entrem em colapso sob sua própria gravidade.
A comunidade científica acredita que um quarto tipo pode estar escondido no universo, conhecido como buraco negro primordial, formado provavelmente durante o nascimento do cosmos. Eles teorizam que esse tipo foi criado no mesmo instante do Big Bang, com tamanhos que podem chegar a até 100 mil vezes o tamanho do Sol.
“A matéria num buraco negro é tão densamente compactada que nada consegue escapar à sua imensa atração gravitacional, nem mesmo a luz. A grande maioria dos buracos negros de massa estelar que conhecemos estão devorando matéria de uma estrela companheira próxima. O material capturado cai sobre o objeto colapsado em alta velocidade, tornando-se extremamente quente e liberando raios-x… A massa média dos buracos negros conhecidos de origem estelar na nossa galáxia é cerca de 10 vezes a massa do nosso Sol”, a Agência Espacial Europeia (ESA) explica em um comunicado.
Afinal, qual é o número de buracos negros de massa estelar que existem na nossa galáxia? Para responder à questão, reunimos informações de astrônomos, astrofísicos e outros especialistas da área.
Buracos negros estelares na Via Láctea
Os buracos negros de massa estelar são formados quando estrelas massivas entram em colapso sob si mesmas, criando a região do espaço que engole tudo. A estrela precisa possuir mais que dez vezes a massa do Sol. Assim, quando acabar todo o combustível em seu núcleo, ela entrará em colapso e explodirá como uma supernova.
No caso de uma estrela com a massa necessária, o colapso gravitacional após a etapa de supernova pode ser tão intenso que a massa remanescente formará um buraco negro estelar.
A estimativa atual dos cientistas sugere que existem até 100 milhões de buracos negros de massa estelar espalhados pela Via Láctea; contudo, isso é apenas uma estimativa estatística. Como não emite luz e engole tudo ao seu redor, não é tão fácil detectar um buraco negro distante no espaço. Até o momento, foram encontrados aproximadamente 20 deles, mas já existem outros candidatos que estão sendo estudados.
É tão difícil detectar buracos negros estelares que a maioria só foi descoberta porque estavam em conjunto com outras estrelas.Fonte: Getty Images
A massa desses objetos cósmicos pode representar apenas algumas vezes a massa do Sol, mas também pode chegar a até centenas de vezes. Ao decorrer do tempo, os buracos negros estelares continuam a ganhar massa por meio das interações gravitacionais com outros corpos celestes, como quando colidem com estrelas.
“O que resta depende da massa da estrela antes da explosão. Se estivesse perto do limiar, criaria uma estrela de nêutrons superdensa do tamanho de uma cidade. Se tivesse cerca de 20 vezes a massa do Sol ou mais, o núcleo da estrela colapsaria num buraco negro de massa estelar. As massas destes objetos recém-nascidos podem variar de algumas a centenas de vezes a massa do Sol, dependendo da massa da estrela quando a supernova começou. Os buracos negros de massa estelar podem continuar a ganhar massa por meio de colisões com estrelas e outros buracos negros”, a NASA descreve.
Maior buraco negro estelar encontrado perto da Terra
Em um estudo publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, uma equipe de cientistas descreve a descoberta do buraco negro estelar mais massivo já observado na Via Láctea. Nomeado de Gaia BH3, sua massa é cerca de 33 vezes a massa do Sol. O objeto foi encontrado por meio de dados coletados pela missão Gaia, da ESA, e é considerado o segundo buraco negro mais próximo já detectado.
A imagem apresenta uma ilustração de um sistema binário com um buraco negro de massa estelar; o IGR J17091-3624 é o objeto representado.Fonte: NASA / CXC / M.Weiss
Os pesquisadores afirmam que Gaia BH3 está localizado a aproximadamente 1.924 anos-luz do Sistema Solar, na constelação de Áquila. Ele não teria sido descoberto se não estivesse em órbita binária com uma estrela; por isso, o movimento da região só é explicado com a presença de um buraco negro estelar.
“Ninguém esperava encontrar um buraco negro de grande massa à espreita nas proximidades, não detectado até agora. Este é o tipo de descoberta que você faz uma vez na vida de pesquisa”, disse o astrônomo do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) na França e coautor do artigo, Pasquale Panuzzo.
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