Por André Carneiro.
A cibersegurança tem ganhado cada vez mais relevância no mundo conectado em que vivemos. Em outubro, conhecido como o mês da cibersegurança, foi um momento de refletirmos sobre os desafios e as estratégias necessárias para proteger não apenas empresas, mas também os dados pessoais e sensíveis que trafegam pela rede global.
Nos últimos anos, os ataques cibernéticos tornaram-se mais sofisticados e frequentes, colocando em risco a integridade de sistemas críticos e expondo vulnerabilidades que afetam diversas indústrias, incluindo a saúde, o setor financeiro e até mesmo instituições governamentais.
Essas ameaças também não se limitam a grandes corporações. Pequenas e médias empresas também têm sido alvo constante de criminosos digitais que se aproveitam de brechas tecnológicas, muitas vezes em companhias que não possuem a infraestrutura necessária para se defender adequadamente. Diante desse cenário, é fundamental que organizações de todos os tamanhos repensem suas políticas de segurança e invistam em medidas preventivas, como tecnologias que as auxiliem.
É importante ressaltar, entretanto, que os ataques cibernéticos não são apenas uma questão de tecnologia, mas também de comportamento. Muitos dos incidentes que ocorrem têm como causa principal o fator humano. Phishing, credenciais comprometidas e vulnerabilidades exploradas por falta de atualização de sistemas são alguns dos pontos críticos que facilitam a invasão de redes corporativas, especialmente as que possuem dados extremamente sigilosos, como as de instituições médicas.
Um relatório recente da Sophos, empresa que lidero no Brasil, por exemplo, chamado The State of Ransomware in Healthcare, revelou que 67% das organizações de saúde foram atingidas por ataques de ransomware em 2024, demonstrando um aumento significativo em relação aos anos anteriores.
Isso se dá porque clínicas, hospitais e demais instituições médicas têm se tornado alvos frequentes de ofensivas, por conta da natureza sensível dos dados que armazenam. Informações de pacientes, prontuários e até mesmo registros financeiros estão na mira dos criminosos, que veem nesse setor uma oportunidade de extorsão devido à alta criticidade dos serviços prestados.
Por isso, organizações que investem em políticas de segurança robustas e em ferramentas capazes de detectar ameaças em tempo real estão mais preparadas para enfrentar os desafios do mundo digital. Fortalecer a proteção em endpoints – dispositivos que são portas de entrada frequentes para grupos de ransomware –, implementar soluções de detecção e resposta rápida e assegurar que a empresa tenha um plano de contingência sólido são passos indispensáveis para mitigar o impacto de possíveis ataques. Mais do que remediar incidentes após sua ocorrência, a chave está na prevenção.
No entanto, o fator humano não pode ser ignorado. Treinar e conscientizar a equipe, investir em educação contínua dos colaboradores, assim como garantir que todos os processos estejam alinhados a uma cultura de segurança cibernética, são etapas cruciais para que todos compreendam o papel que desempenham na defesa contra ataques.
Uma visão para o futuro
O mês da cibersegurança nos lembra que a segurança digital não pode ser vista como um luxo ou uma despesa opcional. Ela deve ser uma prioridade constante, pois os impactos de um ataque vão muito além de perdas financeiras. Eles podem comprometer vidas, como vimos no setor de saúde, e gerar danos irreversíveis à reputação das organizações e de todos os envolvidos.
A evolução tecnológica continuará a proporcionar avanços significativos em diversas áreas, mas também abrirá novas oportunidades para ataques cada vez mais sofisticados. Estar preparado para esse cenário exige um esforço coletivo, desde governos até pequenas empresas, para que juntos possamos fortalecer o ecossistema digital e garantir que ele seja um ambiente mais seguro para todos.
Ao encarar a segurança cibernética como uma responsabilidade compartilhada, conseguimos dar o primeiro passo para construirmos uma rede mais protegida, reconhecendo a importância de nos anteciparmos às ameaças, em vez de reagir a elas.