Quando se trata de distribuição de receitas no mundo da música digital, as atenções se voltam para o protagonista dos serviços de streaming com a pergunta: quanto os artistas ganham no Spotify?
Enquanto alguns artistas celebram o alcance global proporcionado pelo Spotify, outros questionam se os pagamentos – que não são estipulados por um valor fixo por reprodução – correspondem verdadeiramente ao valor de seu trabalho.
A dúvida intriga consumidores de música e move grandes debates os profissionais da indústria musical. Para entender melhor esse cenário, confira a seguir como funcionam os mecanismos de remuneração do Spotify e seus impactos no mundo artístico.
Como funciona o pagamento do Spotify para os artistas?
O pagamento dos artistas no Spotify não segue uma taxa fixa por reprodução, mas sim um cálculo mensal que considera diversos fatores. Dados do Trichordist de 2019 apontam que a plataforma pagava cerca de US$ 0,00348 por reprodução, mostrando um aumento após anos em queda desde 2014.
No caso de uma gravadora de porte médio, com 350 discos nos serviços de streaming e gerando 1,5 bilhão de reproduções anualmente, por exemplo, uma música precisava ser tocada mais de 28 mil vezes para gerar US$ 100 de receita para os detentores dos direitos autorais.
Os valores também podem variar entre diferentes países onde o Spotify está presente. Afinal, a receita do Spotify vem de duas fontes: as assinaturas do Plano Premium e os anúncios no Plano Free.
O preço da assinatura do serviço muda em cada país para ser manter competitiva no mercado da música digital, assim como seus ganhos em publicidade.
Vale lembrar que o Spotify anunciou mudanças na política de pagamento em novembro de 2023 com a introdução de novos critérios. Agora, a remuneração de artistas será apenas por músicas que tenham mais de mil streams anuais.
Quanto o Spotify paga para os artistas?
O Spotify não realiza pagamentos diretamente aos artistas. Os royalties de gravação e composição são repassados aos detentores dos direitos das músicas.
Ou seja, o valor médio gerado por cada stream na plataforma vai para as empresas que detêm os direitos de comercialização das músicas, como:
- gravadoras;
- distribuidoras;
- editoras;
- agências.
Cada empresa detentora dos direitos possui contratos individuais com os músicos, estipulando quando e quanto será o pagamento de acordo com o desempenho das músicas na plataforma de streaming.
Dessa forma, não há uma forma direta de saber o valor exato que cada artista recebe, a menos que essas informações sejam divulgadas pelos próprios músicos.
Para calcular o valor a ser pago a essas organizações, o Spotify realiza uma divisão da quantidade de streams que cada detentora obteve no mês pela quantidade total de reproduções executadas na plataforma nesse período.
De acordo com o relatório Loud & Clear, elaborado pela própria plataforma, o Spotify pagou mais de US$ 3 bilhões aos detentores de direitos editoriais entre 2020 e 2022.
Em 2023, os artistas independentes geraram cerca de US$ 4,5 bilhões no Spotify.Fonte: Loud & Clear/Captura de tela
Quem paga mais: Spotify ou YouTube?
A competição entre Spotify e YouTube pelo título de quem paga mais em royalties mostra uma perspectiva interessante entre as concorrentes.
Em 2021, Lyor Cohen, chefe global de música do YouTube, anunciou que a plataforma pagou mais de US$ 4 bilhões para artistas, compositores e detentores de direitos naquele ano.
Enquanto isso, o Spotify revelou que pagou mais de US$ 5 bilhões em 2020 e vem demonstrado um crescimento significativo em seus pagamentos anuais.
O relatório Loud & Clear mostrou que a plataforma alcançou um marco impressionante, pagando mais de US$ 9 bilhões à indústria musical em 2023, o que quase triplicou em relação aos seis anos anteriores.
O Spotify teve 602 milhões de usuários ativos mensais em 2023.Fonte: GettyImages
Embora o Spotify ter uma base de usuários invejável, representando cerca de 48% do total de reproduções em todos os serviços de streaming de música, a distribuição de royalties não é tão generosa quanto em outras plataformas.
Segundo o The Trichordist, em 2019, Amazon Music Unlimited, TIDAL, Apple Music, Deezer e Google Play estipula valores por reprodução maiores do que o Spotify para uma gravadora de porte médio obteve, por exmeplo.
O caso do YouTube é semelhante. Com seu modelo de receita baseado em anúncios e visualizações, ele apresenta uma dinâmica diferente de pagamento de royalties, com valores por reprodução (US$ 0,00022) inferiores aos demais serviços de streaming.
Quanto se ganha por direitos autorais?
No Brasil, os valores pagos por direitos autorais no contexto dos serviços de streaming de música são determinados por uma série de critérios:
- onde a música é reproduzida;
- sua relevância para o negócio;
- tipo de utilização musical;
- região socioeconômica do usuário.
De acordo com informações do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e da União Brasileira de Compositores (UBC), aproximadamente 88% das receitas geradas pelos serviços de streaming são destinadas ao lucro das plataformas, pagamentos às gravadoras, artistas e outras empresas do setor.
Os direitos autorais representam cerca de 12% das receitas, provenientes de publicidades e assinaturas geradas pelos conteúdos musicais e de vídeo.
Dessas receitas destinadas aos direitos autorais, 9% são divididas entre compositores e editoras, enquanto os 3% restantes são direcionados ao Ecad.
Apesar das polêmicas a cerca do dinheiro que chega na conta dos produtores de música, é inegável que os serviços de streaming aumentaram o tempo de relevância das músicas para além da semana de lançamento a níveis históricos!
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