Animador de Blue Lock explica polêmica queda da qualidade na Temporada 2

Imagem: Divulgação/Crunchyroll

Quem vem acompanhado os episódios recentes de Blue Lock disponibilizados no Brasil pela Crunchyroll pode ter notado que a qualidade de alguns trechos da animação está abaixo dos padrões da série. Em certos momentos, a impressão que fica é que o estúdio 8-Bit preferiu usar quadros estáticos em vez de dar qualquer noção de movimento à narrativa.

Enquanto a companhia não fez qualquer declaração pública sobre o estado da segunda temporada do anime, um profissional que trabalhou nela explicou os motivos da queda de qualidade que vem sendo percebida pelos fãs. Segundo ele, a resposta é simples: prazos apertados somados a trabalhadores que foram mal pagos e têm poucos recursos à disposição.

Blue Lock sofreu com problemas de produção

Em um vídeo publicado no TikTok, o animador chileno MartinKiings, que já colaborou com séries como Nier: Automata e Dan Da Dan, trouxe mais detalhes sobre a situação de Blue Lock. Segundo ele, o processo de produção da segunda temporada começou bem, mas passou a se complicar conforme progrediu para seus estágios mais avançados.

@martinkiings Lamentable resultado??????? Creo que me falto agregar que aunque hubiesemos intentado llevar la animación mas lejos, el director eliminaria la mayor cantidad de frames posible para poder llegar a tiempo a la entrega, el resultado? El mismo que se vio en el episodio… #bluelock #sakuga ? sonido original – MartinKiings

Ele explica que foi contratado para fazer cinco episódios, sendo que o primeiro deles foi a segunda parte da história. Sozinho, ele teve que cuidar de 20 cortes diferentes, cuidando das animações apresentadas do ponto zero e criando os layouts de cada cena — uma tarefa considerável.

“Mas, curiosamente, os problemas não começaram nesse ponto. Eu não tenho certeza se foi somente comigo, mas também todos os outros animadores que trabalharam nesse episódio não fizeram o trabalho que acabou sendo o resultado final. Apesar do pagamento baixo e do tempo curto que nos deram, fizemos o melhor que pudemos”, explicou.

MartinKiings afirmou que não demorou até que ele notasse que a diretoria responsável pela segunda temporada de Blue Locke passou a cortar muitos dos recursos que prometeu inicialmente. Assim, ele decidiu que o melhor a fazer era deixar a animação após entregar somente o primeiro dos cinco episódios com que havia se comprometido.

“Muitas das minhas animações foram cortadas na versão final. Basicamente, eles eliminaram todos os movimentos, alguns quadros, ou só os fizeram diferentes. Mas a culpa não está naqueles [animadores] que vieram depois de mim, já que eles provavelmente fizeram tudo o que puderam com o tempo curto que tinham”, continuou o profissional.

Ele complementou explicando que o caso de Blue Lock não é isolado, e produções como Jujutsu Kaizen também já foram prejudicadas por episódios mal animados. Para MartinKiings, tudo é resultado de “comitês de produção de certos animes que assumem projetos pensando somente no dinheiro e não na condição de seus trabalhadores”.

Problemas do anime refletem a indústria como um todo

Os problemas de Blue Lock não se restringem a seu estúdioOs problemas de Blue Lock não se restringem a seu estúdioFonte:  Divulgação/Crunchyroll 

Embora o processo de cortar animações e usar quadros estáticos para poupar tempo e dinheiro seja comum em qualquer produção, essas questões se tornam mais evidentes (e prejudiciais) em obras como Blue Lock. Como o anime trata sobre futebol, um esporte dinâmico e cheio de detalhes, qualquer “edição” mais intensa faz com que a audiência perceba que há algo errado acontecendo.

As questões envolvendo a produção da segunda temporada são um sintoma de um problema mais amplo do mercado japonês, que costuma submeter animadores a condições de trabalho intensas e com prazos apertados. Essa é uma realidade que não está restrita à obra da 8-Bit e, recentemente, também prejudicou a qualidade de outras produções famosas, como Tower of God e Uzumaki, entre diversas outras.

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