Horizon Zero Dawn Remastered justifica a necessidade de um relançamento?

Lançado em 2017, Horizon Zero Dawn estreou como um dos exclusivos mais bonitos e originais de sua geração. Apesar de sempre ser lembrada pelo “azar com datas”, graças ao concorrido calendário de lançamentos do mundo gamer, a franquia merecidamente já conquistou seu espaço entre as demais grandes marcas da Sony. Agora parte da liga superior, não demorou para que as aventuras de Aloy chegassem a outras plataformas e formatos — como o novíssimo Lego Horizon Adventures, que ilustra um excelente exemplo!

Conforme manda a tradição, as franquias apadrinhadas pela Sony recebem um capricho especial da empresa, enquanto também se tornam garotas-propaganda dos consoles — infelizmente, Bloodborne é a exceção. Nesse viés, enquanto Forbidden West destacou os avanços do PlayStation 5 com seus gráficos, Call of The Mountain mostrou as possibilidades de inovação para o PlayStation VR 2, mantendo os fãs de Horizon muito bem servidos.

Para o PlayStation 5 Pro, contudo, a Sony escolheu Horizon Zero Dawn para representar a franquia — em mais um remaster “premium”. Sem surpresas, o anúncio decepcionou boa parte dos fãs, que logo questionaram a necessidade do investimento para um jogo com “apenas” sete anos. Para o público, a versão promete novos materiais ricos em detalhes, sistemas renovados para os corpos de água, e iluminação inteiramente refeita. Além disso, há mais de 10 horas de diálogos regravados, com melhorias na captura de movimento e na variedade de interações entre personagens.

Apesar da aparente boa vontade da experiente Nixxes na condução do projeto, é inevitável questionar: Horizon Zero Dawn precisava realmente de uma remasterização? De imediato, a resposta sugerida até pode ser um “não”, mas o caso é um pouco mais complexo. 

Abaixo, você confere nossa opinião e análise de Horizon Zero Dawn Remastered, jogado no PlayStation 5, com uma chave gentilmente cedida pela Sony.

A Decima Engine e os méritos Horizon Zero Dawn no PS4

Desde que o primeiro console estreou no mercado — foi o Magnavox Odyssey, em 1972, caso tenha ficado curioso —, os desenvolvedores tentam conciliar suas ideias às limitações de hardware de cada modelo. Nesse contexto, frequentemente, os jogos que mais se destacam são aqueles que entregam jogabilidade inovadora e uma apresentação visual marcante para sua geração. E, se todos têm a mesma base para trabalhar, o diferencial para o sucesso costuma estar em soluções criativas.

Consagrado como um dos jogos mais vendidos do PlayStation 4, com 24 milhões de cópias comercializadas desde 2017, Horizon Zero Dawn é indiscutivelmente um desses casos. Apesar da robusta Decima Engine, os desenvolvedores utilizaram inúmeras técnicas para desafiar o hardware da 8ª Geração.

Talvez, um dos melhores exemplos de soluções utilizadas pela Guerrilla, estúdio responsável pelo título original, seja a renderização em cone do mapa. Além disso, há todo um capricho para simular as vastas folhagens do cenário, que variam desde uma vegetação rasteira até enormes árvores centenárias. E, é claro, o visual definitivo não poderia ser tão impactante sem os “banhos de cor” presentes em Horizon Zero Dawn.

Esses tons extras, presentes em praticamente em qualquer cena do jogo, não eram necessariamente fidedignos à luz projetada pelas fontes em cena. Enquanto alguns jogadores podem apontar que isso afasta o jogo do realismo, e há de se admitir espaço para concordar, acredito que, aqui, a intenção artística prevalece. 

Horizon Zero Dawn, de 2017, ainda surpreende pela sua qualidade.Fonte: PSN

Diferente de Red Dead Redemption 2, que se entrega a um realismo de tirar o folêgo, Zero Dawn flerta com uma finalização mais lúdica, mas certamente marcante. Há cores pontuais que realçam a atmosfera de certas paisagens, como tons cianos, magentas e amarelados.

Entre outros avanços, pode-se destacar a simulação de nuvens e de raios solares, além dos modelos refinados dos personagens. Muito dessas soluções foram herdadas e melhoradas de Killzone 4, sendo consolidadas em um motor gráfico batizado de Decima Engine. Caso o nome soe familiar, não é coincidência, já que foi a mesma base escolhida por Hideo Kojima para Death Stranding

Neste contexto, se os desafios promovem a criatividade, o oposto pode ser dito das soluções “práticas demais”. Ainda que motores gráficos mais populares ofereçam certas vantagens, como a maior portabilidade entre plataformas, eles também exigem pequenas mudanças que podem fazer falta. Para boa parte do público, esse é o caso da Unreal Engine 5, que traz gráficos belíssimos — mas que parecem carecer de um “molho especial”.

Pois bem, assim como a remasterização de Until Dawn, a nova versão de Horizon Zero Dawn também foi reconstruída na Unreal Engine 5, o motor gráfico da Epic Games. Para melhor ou pior, a decisão traz consigo avanços interessantes em alguns aspectos, mas que podem ter arriscado parte da alma presente no projeto original.

 Se pode ser feito… deve ser feito?

Em Horizon Zero Dawn Remastered, a principal mudança talvez esteja no sistema de iluminação e seus recursos adicionais de ambiência — como a neblina, maior presença de vegetação, e turbidade no ar. Esses elementos são, agora, calculados em tempo real, e não mais simulados em predefinição. Dessa maneira, há uma aproximação ao realismo, mas com uma ligeira perda na intenção artística original.

Observando diversas cenas, é possível sentir que os trechos jogáveis estão amplamente mais ricos que o jogo original, embora esse ainda seja muito bonito e bem ambientado. Por outro lado, enquanto os detalhes continuam presentes nas cinemáticas, muito de sua apresentação mudou — alguns trechos estão significativamente mais claros, ou com uma nova “atmosfera”. Essas mudanças, embora inofensivas, estão sujeitas ao risco de proporcionar sensações diferentes do que foi originalmente planejado para o jogador.

Naturalmente, isso não significa que todas as mudanças sejam ruins — ou que isso sequer seja notável para o jogador menos exigente. Contudo, é inegável que elas possam causar certa estranheza. Neste tópico de “incômodos”, muitos fãs notaram uma aparente perda de detalhes nos modelos humanos apresentados no trailer, citando o aspecto “plástico” na pele ou diferenças nas cores no cabelo. Em suma, grande parte disso se deve ao novo sistema de iluminação, já que os materiais utilizados para compor a remasterização são indiscutivelmente mais ricos em detalhes.

Conforme mencionei acima, esse é o tipo de avanço que acaba sacrificando parte da intenção planejada pelos artistas do jogo original — mesmo que isso não seja explicitamente “ofensivo”. Anteriormente, essas cinemáticas precisavam ser ajustadas com maior refinamento manual, resultando em cenas “mais teatrais” e menos comprometidas com o realismo, assim como ocorre no cinema. É claro, esse trabalho também partia de uma limitação de potência do PlayStation 4, algo que se torna obsoleto e desnecessário na era da Unreal Engine 5.

Pequenos casos como esse, que também são levantados em outros remakes, como The Last of Us Remastered, reforçam que as melhorias alcançadas por essas remasterizações fazem muito pouco para justificar a existência destes projetos. Em um vácuo, Horizon Zero Dawn Remastered é inofensivo e serve como uma excelente porta de entrada para novos fãs ou para o público mais saudoso — mas oferece tanto quanto o original em essência.

Se para alguns isso é um elogio, já que é o mesmo jogo e ainda “mais bonito”, para outros soa mal. Em uma geração com tanto potencial a oferecer, a chegada de mais um “remix” começa a testar a boa-fé do público no catálogo da Sony. Sem justificativas mais plausíveis, resta especular que a Dona da PlayStation se apoia no relançamento de clássicos para cobrir os aparentes rombos provocados pelos jogos como serviço.

Afinal, Horizon Zero Dawn Remastered vale a pena?

Embora esteja situado em um contexto pouco favorável — referindo-se a “saturação” de relançamentos no mercado —, seria injusto dizer que Horizon Zero Dawn Remastered falha em sua proposta. Muito pelo contrário: o título traz todos os recursos da versão original, incluindo dublagem e opções extras, além de melhorar seus pontos fracos.

Dessa maneira, é seguro dizer que a Nixxes buscou honrar a obra da Guerrilla da melhor forma possível, inclusive trabalhando em conjunto para garantir a qualidade final do relançamento. Apesar de pontuais mudanças na apresentação estética, Horizon Zero Dawn Remastered se tornará a versão definitiva para os novos fãs da franquia, nivelando a aventura para o padrão gráfico esperado para a atual geração de consoles.

Comprar agora ou esperar?

Para quem já possui o título original no PS4 ou PS5, não faz muito sentido comprar Horizon Zero Dawn Remastered preço cheio, mas a alternativa de “upgrade” por R$ 50 pode ser mais interessante para os fãs que desejam revisitar o título. Neste caso, vale lembrar que o desconto só está disponível para quem adquiriu o título — ou seja: se você recebeu gratuitamente, não está elegível.

Se você ainda não jogou Horizon Zero Dawn, a versão remasterizada parece a mais sensata pelo preço cheio de R$ 250. O valor faz ainda mais sentido ao considerar a “Edição Completa” do título original, vendida por R$ 200.

Para quem prefere economizar, dá para apostar que a Horizon Zero Dawn Remastered logo entrará em promoção — e eventualmente, talvez, fazer parte do catálogo de jogos da PS Plus. 

E você, qual sua opinião sobre Horizon Zero Dawn Remastered? Nos conte nas redes sociais do Voxel!

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