Um implante ocular experimental feito pela Science Corporation permitiu restaurar a visão em pacientes cegos, de acordo com os resultados do ensaio clínico divulgados na última semana. A empresa de interface cérebro-computador realizou os testes com pessoas que vinham perdendo a visão central ao longo de anos.
Nesta condição, a visão começa a ficar embaçada à medida que as células receptoras de luz dos olhos se deterioram, impedindo que a pessoa consiga ver rostos, letras e detalhes com clareza. A situação dos participantes do experimento mudou a partir do implante de retina PRIMA.
O sistema desenvolvido pela rival da Neuralink consiste em uma prótese visual com chip de 2 nm implantada cirurgicamente sob a retina, em um procedimento com duração de 80 minutos. O método inclui o uso de um par de óculos com câmera para a captura de informações visuais capaz de emitir padrões de luz infravermelha.
Atuando como um minúsculo painel solar, o chip implantado na retina faz a conversão da luz em um padrão de estimulação elétrica, enviando os pulsos para o cérebro que, por sua vez, interpreta os sinais como imagens. O processo simula a visão natural, como explicou a Science Corporation.
Melhoria da acuidade visual
A acuidade visual normal é de 20/20, enquanto a cegueira é definida a partir de 20/200 nos Estados Unidos. Os 38 voluntários que iniciaram o estudo tinham acuidade visual média de 20/450 e, após um ano, a maioria das 32 pessoas que continuaram no experimento apresentaram uma grande melhoria neste quesito.
Depois do período de implantação do chip, os participantes conseguiam ler 23 letras em um gráfico ocular, em média, quase cinco linhas a mais do que antes da cirurgia, alcançando uma acuidade de 20/160. Em alguns casos, a acuidade chegou a 20/63 com a ativação de um recurso de zoom disponível na tecnologia, porém cinco pessoas não registraram qualquer avanço na visão.
“Os resultados demonstram um marco no tratamento da cegueira causada por atrofia geográfica devido à degeneração macular relacionada à idade. Pela primeira vez, foi possível restaurar a visão de forma real em uma retina que se deteriorou devido à degeneração macular relacionada à idade”, comemorou o coordenador do ensaio, Frank Holz.