Em um movimento inesperado, a Arm enviou uma notificação à Qualcomm que pode dar fim à parceria entre as empresas. Segundo a companhia britânica, a Qualcomm violou termos de contrato ao adquirir a startup Nuvia em 2021, e agora tem 60 dias para resolver a situação ou perderá integralmente a licença de propriedade intelectual para desenvolver chips baseados na arquitetura Arm.
A Bloomberg obteve documentos relacionados ao processo, que começou em 2022 após a Arm processar a Qualcomm por não negociar uma licença de operação depois da compra da Nuvia. O conflito escalou gradualmente nos últimos tempos, mas a notificação com prazo de 60 dias para resolver a situação chegou agora, durante período em que a empresa sedia o evento Snapdragon Tech Summit.
Por mais que a Qualcomm desenvolva seus próprios chips e até terceirize certos processos, como a litografia pela TSMC, todos os modelos são baseados nas arquiteturas Arm. Dessa forma, uma ruptura total entre as empresas poderia ser danoso para todos os lados. Um sinal disso é que as ações da Qualcomm e Arm caíram 5% e 2% nas últimas horas, respectivamente.
Gerida majoritariamente pelo SoftBank Group, a arquitetura Arm é responsável pela maioria esmagadora de chips para dispositivos móveis.Fonte: GettyImages
Qualcomm diz se tratar de “ameaças infundadas”
O fim do contrato entre as duas empresas pode gerar consequências catastróficas ao mercado de tecnologia global. Gigante no segmento, a Qualcomm fornece chips para dezenas de grandes empresas, como Samsung, Xiaomi, Motorola, Realme, Oppo, vivo, Asus, etc.
A quebra na licença faria com que a Qualcomm não pudesse mais vender seus processadores, afetando a cadeia de componentes global e gerando uma provável nova crise de semicondutores. Sem esses chips, o mercado teria que reduzir drasticamente a produção de smartphones e outros dispositivos, como notebooks.
Em resposta às alegações de quebra de contrato, um porta-voz da Qualcomm disse que “Isso é mais do mesmo vindo da Arm — mais ameaças infundadas para quebrar uma parceria de longa data, interferir em nossas CPUs líderes em desempenho e aumentar as taxas de royalties, independentemente dos amplos direitos sob nossa licença de arquitetura”.
Com o prazo de 60 dias para se explicar e resolver o imbróglio, as duas empresas terão que chegar a um denominador comum, ou desencadear uma nova crise global. Um cenário de ruptura total entre ambas não parece um movimento vantajoso para ninguém, já que a Qualcomm seria forçada a rever sua estratégia, e a Arm perderia uma de suas parcerias mais rentáveis.