Vivendo nossa aventura cósmica, viajamos de forma confortável em um planeta com uma eficiente camada protetora invisível. Esse “céu que nos protege” é o campo magnético da Terra que, além de desviar a maioria das partículas carregadas de alta energia que vem do Sol e do espaço profundo, também impede que nossa preciosa atmosfera vaze para o espaço.
No entanto, como a nos lembrar que “tudo está em constante mudança”, também essa estrutura protetora se inverte de tempos em tempos. Ou seja, a cada centenas de milhares de anos, esse escudo faz uma inversão geomagnética dos seus polos, com o polo norte se transformando em polo sul, e vice-versa.
Embora nossos polos já tenham se invertido centenas de vezes nos últimos 160 milhões de anos, ninguém sabe ao certo quando a próxima reversão ocorrerá. Alguns especialistas dizem que já estamos “atrasados”, pois, desde que descobrimos a existência do campo magnético em 1831, ele se deslocou na direção norte-noroeste em mais de 1,1 mil quilômetros, e sua velocidade de migração foi de 16 quilômetros por ano para 55 quilômetros por ano.
Por que os polos magnéticos da Terra se invertem?
O campo magnético da Terra é gerado pelo movimento do material metálico fundido existente no núcleo externo do planeta, uma camada situada entre o manto e o núcleo interno. Resumidamente, a rotação da Terra movimenta esse metal líquido, gerando correntes elétricas.
Essa movimentação constante de metais líquidos, principalmente ferro e níquel, acaba se tornando caótica ao longo de milhares de anos.
“As reversões de polaridade ocorrem nos períodos de baixa intensidade do campo geomagnético, durante os quais a intensidade do componente dipolar diminui drasticamente e a estrutura do campo fica instável”, explica o geofísico Leonardo Sagnotti à Space.com.
O que acontece quando o campo magnético da Terra muda sua orientação?
Com um campo magnético enfraquecido, mais radiação solar chegará a superfície da Terra.Fonte: Getty Images
Embora seja um fenômeno natural e não represente a princípio uma ameaça catastrófica para a vida na Terra, a inversão dos polos magnéticos é precedida por uma redução do campo magnético que pode durar milhares de anos. Isso implicaria menor proteção contra a radiação cósmica e solar que, teoricamente, poderia afetar a saúde humana e acelerar as taxas de mutação em organismos vivos.
Segundo o Serviço Geológico Britânico, “os padrões de reversão não correspondem aos padrões de extinção de espécies durante a história geológica”. A instituição de pesquisa destaca que, mesmo na ausência de um campo magnético, ainda teríamos a atmosfera a nos proteger “com a mesma eficácia que uma camada de concreto de cerca de quatro metros de espessura”.
No entanto, alguns de nossos sistemas tecnológicos poderiam ficar seriamente afetados, como os de comunicação e satélites. Essa desorientação hipotética poderia impactar também outras formas de vida, como pássaros, peixes e tartarugas marinhas, que dependem de suas “bússolas internas” para migrar.
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