A JBL é um dos nomes mais populares do Brasil quando se trata de produtos de áudio. De acordo com uma pesquisa realizada pela agência Growth from Knowledge (GFK), a companhia apresenta cerca de 83% de marketshare em Caixas de Som. Um fator que colabora para isso é a produção de itens totalmente feita na fábrica da Harman, responsável pela marca, localizada em Manaus.
Rodrigo Kniest, Vice-Presidente Sênior da Harman, considerou esse processo “natural”, e destacou em entrevista ao TecMundo que uma questão crucial é a adaptação dos produtos para o consumidor brasileiro. A ideia, que o mesmo chama de Tropicalização, consiste em ter a empresa completa no Brasil, e, além da adaptação de itens comercializados no exterior, também desenvolver outros inteiramente focados no público brasileiro.
Os produtos da JBL são fabricados em Manaus (AM) (Foto: Thiago Fernandes/ModeON)
A primeira caixa de som produzida pela Harman no Brasil foi a DJ Xpert. Considerada tanto um produto semi-profissional, quanto voltado para o consumidor final, deu tão certo que o próprio público brasileiro o levou a outros países.
“Começou a aparecer esse produto nos Estados Unidos, em Miami, por exemplo. Pessoas levavam do Brasil lá para os Estados Unidos, começou a chamar a atenção” comentou Kniest. Ele também citou que chegou a até mesmo ser questionado sobre o item ter sido ou não fabricado pela JBL, já que não era encontrado facilmente no exterior.
Uma das principais características que Rodrigo destaca é a potência do áudio. O som mais alto, feito para compartilhar é algo importante para o mercado brasileiro, devido ao perfil do público. Porém, em outras regiões, como na Europa ou Japão, essa é uma característica que não condiz com a cultura local. A identificação dos diferentes nichos é essencial na hora de desenvolver um produto.
A JBL Boombox é um dos produtos produzidos inteiramente no Brasil (Foto: Thiago Fernandes/ModeOn)
Um dos produtos inteiramente fabricados no Brasil é a Boombox. Por ser um produto bastante popular no país, com alto volume de vendas, fica mais fácil a viabilização da produção em território nacional. Vale lembrar que, para isso, são envolvidos alguns fatores mais complexos como documentação para aprovação de projetos e investimentos na fábrica.
Outro fator importante para a marca engloba tanto caixas de som quanto os fones de ouvido. Por atender a todas as marcas de dispositivos móveis, como Samsung, Apple, Motorola e outras, os aparelhos oferecem os mesmos recursos em todos eles, dando uma liberdade maior ao usuário e democratizando o acesso a produtos de qualidade.
“Nosso principal lema era dar acesso. Eu vivia repetindo: ‘pessoal, nós temos que dar acessibilidade para o mercado consumidor brasileiro aos produtos da marca JBL’” Kniest declarou.
Ele também comenta que é complexo para uma empresa atender às necessidades e aspirações específicas para cada mercado. O produto pode ter alta qualidade, mas não cair no gosto de um certo país por fatores como preços ou até mesmo recursos. Então foram feitos debates sobre as necessidades do público brasileiro para entender melhor como facilitar o acesso entre os consumidores do Brasil aos produtos da JBL.
Entender o público é essencial para se popularizar no mercado brasileiro (Foto: Thiago Fernandes/ModeOn)
Os desafios da pirataria
Com a popularidade, surgiu também problema: a pirataria. Apenas no Brasil foram cerca de 43.041 produtos falsificados, de acordo com um levantamento feito pela Harman.
Apesar de entender a questão como um caminho “natural”, visto que são produtos de sucesso no mercado, Kniest comenta que afeta a marca, visto que é uma cópia, mas o maior prejudicado é o consumidor, que pode ter sua segurança colocada em risco caso o item pegue fogo, por exemplo.
Outro ponto que Rodrigo destaca é que a pirataria também é um desafio para a inovação de recursos presentes nos produtos, além de afetar a credibilidade da marca. “Não é o nosso caso, mas a maioria das empresas acaba se desestimulando de ir atrás de inovação. Você investe três, quatro, cinco anos atrás de uma inovação, consegue uma inovação muito grande, que tem um custo muito grande, e seis meses depois aparece um produto que parece ele, mas não tem realmente o benefício da inovação, mas diz que tem, como um áudio de alta qualidade, um áudio imersivo, etc, etc. E daí as pessoas são enganadas por isso e é capaz de escutar e, dizer ‘tá, mas essa tecnologia não é boa’”.
O executivo também comentou sobre a importância da colaboração da empresa com entidades governamentais, não só ao pagar impostos, o que ele vê como uma “obrigação e benefício social”, mas também ao identificar quais produtos foram ou não importados pela empresa por meio da comunicação.
Uma forma que a marca encontrou de combater a pirataria é a conscientização da sociedade. Kniest comenta que são feitas ações principalmente no site, com informações para ajudar o consumidor a identificar se um produto é ou não original.
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*A jornalista viajou a Manaus a convite da Harman para fazer a entrevista