Lançado na última sexta-feira (12), Herança Roubada (Stöld, no original), mesmo com poucos dias no ar, já conseguiu chamar bastante atenção e escalar para o disputado top 10 da Netflix.
O filme sueco, dirigido por Elle Márjá Eira e roteirizado por Peter Birro e Ann-Helen Laestadius, aposta em uma história inspirada em fatos reais de vingança envolvendo uma forte protagonista feminina para conquistar os espectadores.
A história de Herança Roubada é centrada na personagem Elsa (Elin Oskal), uma jovem indígena da comunidade Sami, que vive em partes da Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia. Ainda criança, Elsa testemunha uma de suas renas bebês ser morta por um caçador, o que a traumatiza e a faz desenvolver um sentimento de vingança com o passar dos anos.
Já mais velha, logo, Elsa inicia uma jornada perigosa e corajosa em busca da verdade, a fim de descobrir quem matou seu animal e conseguir justiça, algo com o qual ela passou muito tempo sonhando.
Herança Roubada já está disponível no catálogo da Netflix.Fonte: Netflix
Abaixo, conheça a história real por trás de Herança Roubada e saiba mais sobre o filme da Netflix!
Herança roubada: veja história real que inspirou o filme da Netflix
Primeiramente, é importante esclarecer que Herança Roubada é uma adaptação cinematográfica do romance de mesmo nome escrito pela autora sueca Ann-Helén Laestadius (que também atua como produtora do filme da Netflix). O livro foi lançado em 2023.
Laestadius, aliás, por ter nascido na cidade ártica de Kiruna, no extremo norte da Suécia, tem fortes ligações com as comunidades indígenas Sami e Tornedalian, que, infelizmente, como afirmou a autora em algumas entrevistas, sofrem bastante discriminação. E foi a partir disso que a ideia para Herança Roubada começou.
A princípio, a autora queria mostrar como esses povos indígenas europeus eram tratados dentro de seus próprios países. Não à toa, Herança Roubada faz questão de destacar e explorar várias questões sensíveis, como a xenofobia e o esforço dos Sami para preservar seus costumes e cultura frente a ameaças climáticas, políticas e sociais.
Ou seja, tudo o que vemos em relação à Elsa e os Sami são coisas que, de fato, já aconteceram e ainda acontecem com as populações indígenas que habitam naquela parte do continente europeu. E, graças às raízes, pesquisas e experiências de Laestadius, pudemos ver isso de uma maneira mais efetiva e concreta (mesmo que por meio de um filme).
E, para além de todos esses e outros problemas que os Sami enfrentam, também há outra questão ligada a eles: a criação de renas. O pastoreio de renas dentro da comunidade Sami é algo extremamente importante e é uma prática que faz parte da cultura daquele povo desde seus primórdios.
As renas têm uma grande importância para o povo Sami.Fonte: Netflix
Em suas pesquisas, todavia, Laestadius descobriu vários relatórios policiais que indicavam que várias renas foram torturadas e mortas nas redondezas da tribo dos Sami. Ação realizada, provavelmente, por caçadores e pessoas mal intencionadas, uma vez que o vínculo entre os Sami e suas renas é algo quase sagrado, com os animais sendo considerados parte de suas famílias.
E foi aí que Laestadius resolveu explorar esse laço entre os Sami e suas renas, ao mesmo tempo em que decidiu retratar todas as dificuldades, desafios e questões envolvendo o povo indígena. Inclusive, Elle Márjá Eira, a diretora do filme, também falou sobre o tema em uma entrevista:
“Já é hora de o mundo conhecer essa história e o que está acontecendo em Sápmi atualmente. Eu mesma sou proprietária de renas e me reconheço nessa história. Também sei que meus companheiros, irmãos e ancestrais indígenas estão comigo”, disse a cineasta.
Herança Roubada já pode ser assistido na Netflix.