A Audi do Brasil já iniciou as vendas do Q8 reestilizado para 2024 com novidades em vários aspectos. A fim de conferir como o SUV de luxo se sai no uso, o TecMundo foi até São Paulo para conhecer a novidade de perto e atestar suas qualidades e defeitos.
Oferecido em versão única por R$774.990, o Q8 é o topo da cadeia dos SUVs da Audi e faz as vezes de “SUV-coupé”, mirando em modelos como o BMW X6, Mercedes-Benz GLE Coupé, entre outros. Seu valor atual o posiciona exatamente no meio dos rivais, porém, preço não é tudo quando se fala de segmentos de alto padrão. O que o Q8 tem para se sobressair?
Da esquerda para a direita: Q8 em Azul Waitomo, Preto Mito e Vermelho Chili.Fonte: Yuri Ravitz
São Paulo/SP – nosso teste prático com o Q8 2024 se deu em um trajeto de aproximadamente 130km, em um bate-e-volta de Sâo Paulo até São Roque, compreendendo um percurso que envolveu trechos urbanos e rodoviários para possibilitar a análise tanto do comportamento do carro em si quanto de suas tecnologias de assistência.
Ao vivo, o Q8 impressiona pelo porte e as mudanças estéticas que o deixaram com um ar muito mais esportivo do que é na prática. É difícil redesenhar carros tão bem acertados sem errar a mão em algum ponto do design, entretanto, a Audi foi primorosa nas mudanças e conseguiu deixar o Q8 ainda mais vistoso e imponente.
De posse da chave, nos acomodamos no utilitário alemão para seguir viagem. Pouco se ouve do mundo externo, incluindo o motor, enquanto a fartura de recursos de conforto e comodidade deixam a experiência mais envolvente. O banco do condutor tem memórias e até mesmo o volante traz ajustes elétricos para uma precisão milimétrica da posição de dirigir.
No meio do percurso, uma breve parada para esticar as pernas.Fonte: Yuri Ravitz
Em movimento, o Q8 disfarça muito bem seus quase 5 metros de comprimento e mais de 2,3 toneladas; o comportamento é absolutamente sublime e sereno, bem como as respostas do motor e da transmissão. Graças ao eixo traseiro direcional, o “grandalhão” se sai bem mesmo em garagens mais apertadas e é muito manobrável.
Na estrada, o Q8 mostra tanta solidez no rodar que pode fazer o condutor levar multas sem nem tomar conhecimento, pois a sensação ao volante é de uma velocidade menor. Não foram poucas as vezes em que pensávamos estar viajando a 80 ou 90km/h quando, na verdade, o painel de instrumentos mostrava velocidades muito superiores.
Experimentamos deixar a suspensão adaptativa no modo mais baixo e esportivo, a fim de ver como seria o comportamento em pisos ruins e quebra-molas. Mesmo nessa configuração, o Q8 se comportou com maestria e não precisou de cuidados extras para transpor os típicos obstáculos urbanos do nosso dia a dia, ou seja: no modo normal, é ainda melhor.
A cabine consegue, ao mesmo tempo, ser aconchegante e muito espaçosa.Fonte: Yuri Ravitz
Do pouco que usamos os assistentes de condução semiautônoma, como o piloto automático adaptativo e o sistema de permanência em faixa, todos se mostraram bem calibrados. O que incomoda um pouco é a tela dos comandos do ar condicionado: são funções demais em exibição e é obrigatório desviar os olhos da direção mesmo para realizar ajustes simples.
O cluster digital de instrumentos conta com um modo de visualização que exibe os demais veículos nas proximidades do Q8, ajudando o motorista a observar, por exemplo, carros e até caminhões em um eventual ponto cego. Há também o assistente de saída segura que, com o carro parado, impede a abertura das portas caso um automóvel esteja se aproximando.
Falando do motor, o 3.0 V6 leva o Q8 com decência e sem faltas, contudo, o desempenho deveria ser melhor em vista do preço pedido. Já existem diversos modelos bem mais baratos que, embora sejam inferiores ao Q8 em outros tópicos, se sobressaem em performance e isso, dependendo do consumidor, pode frustrar quando lembramos do preço de tabela.
Azul Waitomo é o tipo de cor que se destaca sob luz direta do sol.Fonte: Yuri Ravitz
Apesar de tudo, é preciso ser justo sobre a excelência do comportamento do Q8, especialmente quando olhamos o aspecto dinâmico. Novamente, considerando o peso e o porte do utilitário, é surpreendente ver o que ele pode fazer quando mais exigido em curvas e outras circunstâncias do tipo, deixando nítido que o conjunto aceita muito mais motor.
E é bom lembrar que o Q8 tem uma variante bem mais nervosa, chamada de RSQ8 e equipada com motor 4.0 V8 biturbo de 600cv – e a Audi também quer que você olhe para ela. O RSQ8 atualizado ainda virá ao Brasil, mas custará bem mais de 1 milhão de reais; se não faz questão de tanta performance e o conjunto agradou, a versão “civil” dará conta do recado.
O breve contato nos permitiu apreciar as linhas do Q8 reestilizado e seu farto pacote tecnológico, porém, lamentamos uma certa falta de praticidade e de acelerações mais vigorosas. Ele tem grandes chances de incomodar os rivais, mas só um teste completo poderá dizer se seus atributos positivos são suficientes para compensar os pontos fracos.
*TecMundo viajou a convite da marca