Dez anos sem Orkut: uma década do fim da rede social favorita do Brasil

A rede social Orkut foi encerrada oficialmente há exatos dez anos. Em 30 de setembro de 2014, a plataforma da Google saiu do ar e entristeceu boa parte do Brasil — país que praticamente adotou o serviço como patrimônio nacional.

Após ter cadastros e acessos fechados, o Orkut ficou disponível por algum tempo apenas como um arquivo de comunidades e postagens para consulta ou preservação. Em maio de 2017, entretanto, até isso deixou de ser acessível ao público.

A tela de login do Orkut.Fonte:  Patrick Barry/Flickr 

No ano em que teve as atividades encerradas, que foi também quando ele completou uma década no ar, o Orkut já não estava em boa fase. A plataforma estava em queda de acessos no Brasil, já não era mais a mais popular no país — foi ultrapassada pelo Facebook em 2011 — e não tinha mais espaço nos atuais planos da Google.

“Ao longo da última década, YouTube, Blogger e Google+ decolaram, com comunidades surgindo em todos os cantos do mundo. O crescimento dessas comunidades ultrapassou o do Orkut. Por isso, decidimos dizer adeus ao Orkut e concentrar nossas energias e recursos para tornar essas outras plataformas sociais ainda mais incríveis para todos os usuários”, afirmou a Google na época.

Relembrar é viver: as funções do Orkut

O Orkut era organizado como uma rede social de dois grandes focos: o contato pessoal e discussões. O primeiro desses aspectos era o núcleo de qualquer serviço do tipo, com um perfil pessoal marcado por foto, descrição e informações sobre você.

Mas o Orkut trazia alguns diferenciais que marcaram época: o indicador de 100% legal, confiável e sexy; a possibilidade de enviar recados rápidos (scraps) ou homenagens aos amigos (depoimentos) e, mais tarde, as animações Buddy Poke para interagir usando avatares em 3D.

A página de perfil no Orkut.A página de perfil no Orkut.Fonte:  Google 

O segundo foco do Orkut estava nas comunidades, que reuníam pessoas com gostos em comum ou sediavam debates acalorados em tópicos. Serviços como o Reddit hoje trazem uma experiência parecida com a da finada rede social, embora com alguns elementos diferentes e sem o mesmo carisma.

Ao longo dos anos, a plataforma foi acumulando funções para não ficar para trás. Vieram os já citados Buddy Pokes, maior personalização do perfil, um redesign visual e até jogos online — como o fenômeno Colheita Feliz.

Uma rede social brasileira de coração

O Orkut nasceu da idealização do engenheiro de origem turca Orkut Büyükkökten, que desenvolveu a plataforma como um projeto paralelo na Google. A ideia foi levada adiante e virou um serviço oficial da companhia.

A preferência do brasileiro pelo Orkut foi curiosa: no período em que começou a se fortalecer no país, a partir da segunda metade da década de 2000, ele não tinha tantos concorrentes. O Facebook levou tempo para sair dos Estados Unidos, enquanto o MySpace sempre foi considerado de nicho por aqui.

O interesse nacional era tamanho que, em 2008, o Orkut passa a ser gerenciado pela Google Brasil. Neste mesmo ano, a rede vivia o seu auge: dados do Ibope indicavam que mais de 40 milhões de brasileiros possuíam acesso ao serviço — cerca de 75% dos usuários com acesso à internet, ou 3 em cada 4 brasileiros conectados.

Em 2014, no ano do fechamento,  51,7% dos visitantes do Orkut ainda eram brasileiros. A Índia, que também sempre foi um polo na rede social, tinha somente 13,3%.

Eu Odeio Acordar Cedo, a maior comunidade da história do Orkut.Eu Odeio Acordar Cedo, a maior comunidade da história do Orkut.Fonte:  O Povo 

Ao longo dos anos, o próprio Orkut e projetos não oficiais de fãs tentaram reviveram a plataforma. Porém, nenhum desses projetos seguiu adiante ou conseguiu uma fração da popularidade do original.

Foram 10 anos inesquecíveis. Pedimos desculpas para aqueles que ainda utilizam o Orkut regularmente. Esperamos que vocês encontrem outras comunidades online para alimentar novas conversas e construir ainda mais conexões, na próxima década e muito além”, finalizou na época o diretor de Engenharia do Google, Paulo Golgher, na carta de despedida da rede social.

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