A comunicação entre pessoas na internet é variada atualmente. Apesar do predomínio do WhatsApp, é possível conversar com amigos ou desconhecidos usando canais como Telegram, Messenger, Signal e as mensagens privadas de redes sociais.
Porém, até algum tempo atrás, um serviço em especial dominava o mercado de bate-papos virtuais. O MSN Messenger, depois rebatizado como Windows Live Messenger, era um dos queridinhos do público brasileiro e foi usado por anos para comunicações casuais, desde jogar conversa fora até paqueras.
Mas o que aconteceu com esse serviço da Microsoft ao longo dos anos? E como um programa tão popular e de adoção massiva acabou dispensado e esquecido pelo tempo?
MSN Messenger: mais que um mensageiro
Muito antes de virar um programa para conversas, o MSN nasceu como um serviço chamado The Microsoft Network em 1995. A plataforma era uma espécie de portal de conteúdo e ferramentas para a era da internet discada e aos poucos foi ganhando mais recursos — como notícias e até um ambiente de games.
Porém, em 1998, o serviço discado foi separado e se tornou MSN Internet Access. Já o portal MSN tentava competir com outros sites de peso e um dos projetos dessa nova fase foi lançar um programa próprio de mensagens que competiria contra os gigantes da época: o ICQ, da empresa independente Mirabilis, e o AIM, da gigante AOL.
Em 22 de julho de 1999, nascia o MSN Messenger. A primeira versão ainda tinha poucos recursos, incluindo acessar o serviço da própria AOL no mesmo programa. Ainda assim, ele não ganhou popularidade imediatamente.
A era de ouro do MSN
O grande salto do MSN como programa veio em 2001 com o Windows XP. A versão 4.6 do mensageiro ainda não vinha pré-instalada no sistema operacional, como aconteceria mais tarde, mas trouxe melhorias na interface e no funcionamento que fizeram ele ganhar público mais rapidamente.
Como a criação de uma conta era automática com o uso de um email do então popular Hotmail, o MSN chegou a 75 milhões de usuários em 2002. Sete anos depois, ele atingiu o pico de 330 milhões de usuários ativos mensais — um número impressionante para a época e que é maior até do que a quantidade atual de visitantes diários no X, o antigo Twitter.
Uma janela de conversa do MSN por volta de 2010.Fonte: TecMundo
No auge do programa, rebatizado para Windows Live Messenger a partir de 2005, as conversas por texto eram apenas parte da experiência.
Era possível enviar emojis customizados, “chamar a atenção” dos contatos fazendo a tela tremer e ficando em primeiro plano ou enviar winks, que eram animações curtas e de qualidade gráfica questionável.
Além disso, com o tempo ele adicionou camadas de personalização. Você podia adicionar um “subnick” como complemento do apelido e, a partir de programas como o MSN Plus, adotar cores no visual e até colocar no perfil o que você estava ouvindo no momento.
A tela de contatos e o chat do MSN.Fonte: The Verge/Taringa
O MSN fornecia ainda jogos gratuitos e para múltiplos jogadores, como Campo Minado, jogo da velha, Bejeweled e até uma versão de Uno.
O fim de um gigante
A alta base de usuários e o investimento em novas funções indicavam que o Windows Live Messenger poderia durar mais tempo, mas aos poucos a comunidade percebeu que o foco da Microsoft passou a ser outro.
Em 2011, a Microsoft adquiriu o programa Skype por US$ 8,5 bilhões e transformou o programa em seu principal serviço de conversas. O suporte para ligações de voz e vídeo fizeram a diferença e ele começou a ser preferido tanto pelos usuários do Windows Live Messenger quanto pela própria companhia.
O Campo Minado era um dos jogos favoritos dos usuários.Fonte: YouTube
No final de 2012, veio a má notícia: a empresa informou que os dois serviços seriam unificados no Skype. Usuários do Windows Live Messenger teriam a opção de, nos próximos meses, usar a mesma conta para fazer o login no novo mensageiro prioritário
Em 30 de abril de 2013, o MSN começou a ser tirado do ar no Brasil, um dos seus mercados mais populosos. Dias antes, ele também parou de funcionar em outros territórios, encerrando a trajetória do serviço.
A migração para o Skype significou o fim do MSN.Fonte: BDM
Oficialmente, o Windows Live Messenger foi encerrado em 31 de outubro de 2014. Foi nessa data que os servidores do programa na China, único país onde ele ainda funcionava, foram desligados em definitivo.
Usuários mais nostálgicos chegaram a criar programas com base em engenharia reversa que imitam o visual e o funcionamento do MSN antigo, como o Escargot. Porém, eles não têm qualquer relação com a Microsoft e no máximo chamaram a atenção de quem passou anos usando o programa e cultivou boas memórias dele até o fim do serviço.