O crescimento desenfreado das bets pode fazer com que a população brasileira destine no mínimo R$ 216 bilhões para empresas de apostas via Pix. O levantamento feito pelo Banco Central e publicado pela Folha de São Paulo é notoriamente maior do que o esperado pelo Ministério da Fazenda no início do ano.
Segundo dados do Banco Central, o brasileiro destinou somente via Pix de forma bruta, sem considerar os eventuais prêmios e bonificações, entre R$ 18 e 21 bilhões mensais de janeiro a agosto. O valor final fica perto de R$ 166 bilhões no período, sem contar os investimentos realizados via outras modalidades, como cartões e TED.
Dessa forma, o aporte de investimento de apostadores nas bets pode superar em 44% os R$ 150 bilhões que o Ministério da Fazendo tinha em mente. Caso a média mensal se mantenha até dezembro, a expectativa é que as casas de apostas recebam até R$ 249 bilhões, dos quais R$ 216 bilhões seriam apenas via Pix.
Usuários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões
Vale lembrar que esse é o valor bruto destinado às empresas de apostas. O Banco do Brasil aponta que essas companhias devem reter em torno de 15% do montante obtido, e destinar o restante para os prêmios. Ainda assim, os valores citados contribuem para a discussão sobre a regulação das bets e como as apostas podem se tornar um problema social no país.
A análise técnica feita pelo Banco indica que usuários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas esportivas somente em agosto. Em nota, o ministro de desenvolvimento social, Wellington Dias, reiterou que o Bolsa Família é um programa para combater a fome e atender necessidades básicas, clamando que “a situação de pessoas mais vulneráveis e outros aspectos sociais serão considerados na regulamentação [do mercado de apostas]”.
A partir de outubro, o governo brasileiro suspenderá bets sem autorização. A regulamentação de apostas esportivas no país entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025, exigindo o pagamento de R$ 30 milhões à União.