O Telegram vai começar a fornecer às autoridades competentes os dados de usuários que violarem as políticas da plataforma, conforme anunciou o CEO do mensageiro, Pavel Durov, nesta segunda-feira (23). Ele também disse que a empresa removeu uma série de “conteúdos problemáticos” nos últimos dias.
Em postagem no seu canal oficial, o executivo revelou que o app de mensagens utilizou inteligência artificial e uma equipe de moderadores para identificar pessoas descumprindo as regras para “vender produtos ilegais” por meio do programa. Esse tipo de conteúdo já não está mais disponível, explicou o especialista em tecnologia.
Nascido na Rússia, Pavel Durov também criou a rede social VK, equivalente ao Facebook.Fonte: Getty Images/Reprodução
Além disso, Durov confirmou atualizações nas regras de uso do serviço para informar que dados como endereços de IP e números de telefones de usuários flagrados infringindo as normas poderão ser compartilhados com as autoridades. Neste caso, a empresa atenderá às solicitações legais válidas.
“Não iremos permitir que atores maliciosos coloquem em risco a integridade de nossa plataforma, que conta com quase 1 bilhão de usuários”, finalizou o fundador do Telegram. Em sua primeira manifestação após ser liberado da prisão na França, o programador havia prometido implementar melhorias para reduzir os abusos no app.
Decisões judiciais não cumpridas
O anúncio feito por Durov sugere uma mudança importante em relação ao comportamento do programa concorrente do WhatsApp quanto ao cumprimento de ordens judiciais. Nos últimos anos, o Telegram ficou marcado por não responder às solicitações legais feitas por autoridades de vários países. No Brasil, o app chegou a ser temporariamente banido até que as solicitações do Supremo Tribunal Federal fossem atendidas.
Diante da falta de providências para combater a disseminação de conteúdos ilegais no mensageiro, o CEO foi preso nas proximidades de Paris (França), no final de agosto. Ele é acusado pelas autoridades francesas de cumplicidade na divulgação de conteúdos de abuso sexual infantil, por não disponibilizar dados de contas envolvidas nem moderar essas postagens.
Solto após pagar fiança de 5,5 milhões de euros, o equivalente a R$ 33,8 milhões, o empresário não pode deixar a França até o término das investigações. Desde então, o executivo vem dando novos passos para contribuir com as autoridades locais.