Em entrevista ao podcast O Assunto, Ronaldo Lemos analisa os interesses de Musk com a rede social. No Brasil, Musk descumpriu uma série de decisões judiciais que já somam mais de R$ 18 milhões em multas direcionadas ao X. Contrário do que tem acontecido no Brasil, Elon Musk, dono do X, cumpre ordens judiciais em países como a Índia — por lá, a plataforma obedeceu decisões da Justiça removendo contas que faziam oposição ao governo e apagando postagens sobre um documentário com críticas o primeiro-ministro Narendra Modi.
Na análise de Ronaldo Lemos, presidente da comissão de tecnologia da OAB-SP e cientista-chefe do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), Musk conseguiu, com isso, um poder de barganha no país — para além de fazer da rede social um megafone seu.
“Ele simplesmente bloqueou esse conteúdo que era feito pela BBC da Inglaterra e com isso conseguiu uma barganha com o país. Ele conseguiu ter, ali, acesso a alguns privilégios dentro da índia por causa dessa troca.”
Elon Musk em foto de arquivo
David Swanson/Reuters
E, para além do jogo de interesses, os motivos que levaram Musk a comprar o antigo Twitter (depois batizado por ele de X), passam, como explica Lemos em entrevista ao podcast O Assunto desta terça-feira (3), em concentrar poder e controlar a visibilidade e a exclusão de conteúdos como lhe convém — o que o faz concentrar poder.
“A razão do Elon Musk ter adquirido o Twitter é porque ele precisava de um megafone. Ele precisava de uma plataforma que tem um impacto global e onde ele é o dono da plataforma. Então ele decide o conteúdo que fica no ar e ele decide inclusive, também, o conteúdo que sai do ar.”
No Brasil, Musk descumpriu uma série de decisões judiciais que já somam mais de R$ 18 milhões em multas direcionadas ao X. O enfrentamento às leis brasileiras levou à suspensão da rede social, determinada na última sexta-feira (30) pelo ministro Alexandre de Moraes e confirmada nesta segunda (2) pela 1ª Turma do Supremo, por unanimidade.
Ouça a íntegra do episódio aqui.
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