Um inseto que mede, no máximo, quatro milímetros de comprimento está preocupando os produtores de banana e a população de 11 municípios do Litoral Norte gaúcho onde a fruta é produzida. A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Defesa Vegetal, reuniu presidentes de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de 19 municípios da região para analisar a situação e estabelecer medidas para orientar os produtores, incluindo ciclos de palestras. A pasta informa estar desenvolvendo ações para mapear a infestação do mosquito conhecido popularmente como maruim, miruí, muruim, mosquitinho-do-mangue ou mosquito-pólvora. O inseto se desenvolve em materiais orgânicos em decomposição, como caules de bananeira, esterco animal e produção de hortaliças, entre outros ambientes.
“O litoral gaúcho, por ser uma região produtora de banana, tem sido afetado por uma infestação desse inseto, que vem causando muito incômodo à população. Trata-se de infestação significativa e fora do padrão normal, que vem ocorrendo na maioria dos municípios litorâneos”, afirma o fiscal estadual agropecuário Alonso Andrade. Segundo o servidor, a Defesa Agropecuária do Estado vai coordenar as ações de controle e redução da população de insetos, por meio de ferramentas que envolvem o manejo integrado de pragas – controles biológico, hormonal, comportamental, cultural e, se necessário, químico, buscando impedir o uso indiscriminado de defensivos, o que reduziria os inimigos naturais e aumentaria o desequilíbrio. De acordo com Andrade, a intenção é unir a cadeia produtiva, envolvendo Emater, sindicatos, prefeituras e associações.
“A meta é descobrir o que vem causando o desequilíbrio populacional desse inseto, efetuar sua supressão ou redução populacional a fim de se evitar que a infestação se espalhe para outras regiões e ou áreas urbanas”, diz Andrade. O fiscal agropecuário afirma que a Seapi já adotou medidas em parceria com a Emater, por meio do escritório municipal de Dom Pedro de Alcântara, e com a 18ª Coordenadoria da Saúde do Rio Grande do Sul, participando de palestras, orientações e divulgação de ações protetivas à população. “Além disso, efetuamos contato com a Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, já que eles passaram em 2010 pela mesma infestação desse mosquito. Obtivemos importantes informações que se somarão às ações que estão sendo desenvolvidas no Litoral gaúcho”, complementou.
Maruim significa mosca pequena. É um pequeno inseto, do tipo culicóide (cujas fêmeas são vetores de helmintos, protozoários e vírus), também conhecido como mosquito-pólvora em razão de sua cor escura. Sua picada é dolorida, causa coceira e hematomas. Cerca de 1,3 mil espécies de culicóides são conhecidas em todo o mundo, 226 espécies na Região Neotropical e 82 só na Região Amazônica. Para minimizar sua infestação, deve-se evitar o acúmulo de matéria orgânica como madeira apodrecida, cascas de árvores, esterco e lama. No caso das bananeiras, deve-se cobrir com plástico as touceiras e árvores cortadas que acumulam água. Além disso, é imprescindível manter limpos quintais e terrenos baldios.
Próprio de locais onde se acumula matéria orgânica em decomposição, os maruins também podem viver no mangue, em brejos e banhados. Atualmente, o inseto já é visto nas regiões urbanas onde há matéria orgânica disponível para sua proliferação, como hortas e jardins.
Assim como os outros mosquitos, o maruim se reproduz em lugares alagados. Os ovos são depositados nesses locais e eclodem entre dois e sete dias. As larvas se desenvolvem em três semanas, depois se enterram na lama ou areia e se transformam em pupas. Tornam-se insetos adultos em três dias. Proliferam-se mais facilmente em áreas com umidade alta e temperatura acima de 28 graus.