Pesquisadores da Universidade de Oxford anunciaram a criação de um novo material capaz de absorver luz e transformá-la em uma fonte energética. No futuro, ele pode substituir parcialmente baterias elétricas e painéis solares fotovoltaicos em equipamentos eletrônicos.
A novidade consiste em um material fino e flexível, que pode ser acoplado como uma camada externa em objetos ou até construções. Ele atua como um captador de luz, convertendo-a em energia elétrica.
Um dos pesquisadores com uma camada de perovskita.Fonte: Martin Small/Oxford University
Mais fino do que o wafer de um semicondutor, o componente é mais versátil do que os painéis atuais, o que significa que ele pode ser usado em mais casos. Na prática, ele seria capaz de garantir energia até para celulares — caso usado nas capas dos aparelhos — e até no teto de carros elétricos.
O projeto foi anunciado pela primeira vez em 2021 ao público, mas já está em desenvolvimento pela equipe de mais de 40 cientistas há ainda mais tempo.
O painel solar do futuro
A “supercélula solar” criada em Oxford é feita principalmente de perovskita, um mineral raro que em sua composição é um óxido de cálcio e titânio.
O segredo da sua eficiência está em “empilhar” uma série de lâminas do mesmo material que absorve luz em uma única célula de energia solar. Assim, é possível ter uma maior eficiência energética do que um painel convencional usado na mesma condição.
Segundo os cientistas, a criação permite uma eficácia na conversão de energia de 27%, valor considerado alto para o setor e que pode chegar a 45% com o tempo — o dobro de painéis solares fotovoltaicos atuais.
Por enquanto, o material deve passar mais alguns anos restrito aos laboratórios para aperfeiçoamento e também barateamento dos componentes.
As múltiplas camadas uma em cima da outra permitem o acúmulo de energia absorvida.Fonte: Oxford University
Os cientistas buscam ainda outras indústrias dispostas a fabricar o componente e auxílio do governo, inclusive fora do próprio país. Os incentivos fiscais no Reino Unido são considerados reduzidos pela universidade para atingir os objetivos desejados no projeto.
A Oxford PV, empresa independente da universidade e formada por acadêmicos, começou a fabricar os paineis de perovksita em uma indústria próxima de Berlim, na Alemanha.