O segredo das empresas mais valiosas do mundo não foi ter começado nas garagens de Steve Jobs, Elon Musk ou Mark Zuckerberg, mas sim por terem dado seus primeiros passos como startups, uma ideia diferenciada de negócio que, por sua forma de causar impacto imediato, se tornou agente central de um ecossistema empreendedor.
De acordo com estimativa da Statista, havia 4,4 milhões de startups no mundo em 2023, com os EUA “puxando a fila”, com mais de 700 mil. Com mais de 13 mil startups em dez anos, o Brasil é líder em hubs na América Latina.
Mesmo com esse impressionante ecossistema, cada startup é única, e sua singularidade está relacionada à combinação de fatores como escala, resolução de problemas, modelo de negócios inédito, temporalidade e uso da tecnologia.
O que é uma startup?
Dizer que startup é um negócio inovador, repetível e escalável torna-se reducionista diante da vocação disruptiva dessas empresas. De caráter transitório, elas não querem ser startups para sempre e, por isso, são muitas vezes definidas em função do seu modelo de negócios ou relacionadas ao contexto em que foram criadas.
Diferentemente de uma empresa tradicional, nas quais clientes, problemas e investimentos necessários para resolvê-los são previamente conhecidos, o modelo de negócios das startups é o mesmo que saltar no escuro enquanto se inventa um paraquedas.
Por isso, é comum elas serem consideradas um experimento de validação de ideias ou mesmo um perigoso teste de hipóteses sobre um potencial negócio. A boa notícia é que sua capacidade produtiva não depende de aumentar seus ativos, como nas empresas comuns, mas conseguir acelerar seu crescimento de forma escalável, de preferência replicável, via tecnologia.
A Waymo, startup de carros autônomos da Google, é um exemplo de startup.
Quais os principais tipos de startups?
O combustível para acelerar a escalabilidade das startups é o chamado capital de risco. Nesse caso, o termo “risco” é misturado com “capital” tanto por seu elevado nível de incertezas quanto pelo potencial de ter altos retornos do negócio. Mas é bom destacar: nem sempre eles chegam conforme o esperado, isso quando chegam.
Para que um investidor saiba onde está colocando o seu dinheiro, é preciso conhecer o tipo de negócio no qual está investindo, para poder diferenciá-los entre si e se situar em um contexto.
Dessa maneira, as startups são classificadas por sua natureza de negócio ou por seu comportamento.
Quanto à natureza do negócio
Nessa classificação, são levados em conta o que a startup faz e qual problema ela resolve. Veja abaixo os principais tipos:
- Large companies: startups criadas por grandes corporações. Elas pegam carona na infraestrutura, recursos e expertise da empresa-mãe para desenvolver novos produtos, serviços ou modelos de negócios. Waymo e Verily Life Sciences do Google, Nest Labs da Apple; e o iti.itaú do grupo Itaú Unibanco são alguns exemplos.
- Lifestyle companies: movidas por uma conexão emocional, desenvolvem nichos específicos do mercado, geralmente dirigidos a determinados hobbies, paixões ou estilos de vida particulares. É o caso dos apps de meditação da Calm e as bicicletas de fitness conectadas Peloton.
- Small business: gerenciadas por pequenos empreendedores individuais, são startups iniciantes, com visão limitada de crescimento, porém com grande impacto no mercado em que operam. Alguns exemplos são: pet sitters, consultorias de amamentação, lojas de roupas vintage, food truck gourmet, e outras.
- Buyables: “compráveis”, elas já nascem com o objetivo de serem vendidas para uma empresa maior em um curto período de tempo, devido ao lançamento de um produto inovador e atraente. É o caso da plataforma de gestão financeira pessoal automatizada Quicko, adquirida pelo Nubank no ano passado.
- Social startups: com ou sem fins lucrativos, criam inovações para melhorar a qualidade de vida em comunidades carentes, mitigando ou resolvendo problemas que causam impactos sociais. A norte-americana Kiva é uma dessas startup.
Quanto ao comportamento
A divisão de startups conforme seu comportamento e modelo de negócio envolve uma verdadeira “fauna” de categorias. Veja as principais:
- Unicórnios são as startups que alcançam valor de mercado de, pelo menos, US$ 1 bilhão em um curto período de tempo. Exemplos clássicos são a chinesa ByteDance, dona do TikTok, avaliada em US$ 300 bilhões, e a SpaceX, de Elon Musk, avaliada em US$ 150 milhões em junho de 2023.
- Zebras: valem mais que US$ 1 bilhão, têm fins lucrativos e ainda buscam sanar problemas sociais, “consertando o que os unicórnios quebraram”, dizem os críticos. No Brasil, temos a Semente, que atua como aceleradora de outras startups com “soluções de inovação que valorizam a vida”, diz o site.
- Camelos: são voltadas a resolução de problemas sociais e, assim como o animal que lhes dá nome, têm abordagem mais sustentável e resiliente, para sobreviver em condições e ambientes desfavoráveis. No Brasil, a empresas de hospedagem de sites Lokaweb e a distribuidora de produtos digitais Hotmart são camelos nacionais.
O segmento de inteligência artificial (IA) e big data dominam o volume de investimentos no mundo.
Segmentos de startups
Como componentes de um ecossistema de constante inovação, as startups apresentam uma diversidade de segmentos. Veja alguns dos mais importantes:
Como uma startup recebe investimento?
Ao contrário da maioria das pequenas empresas, as startups dependem de investimentos de investidores-anjos ou das companhias de capital de risco (venture capital).
O dinheiro chega por meio de diversas rodadas de financiamento:
- Tudo começa com uma rodada preliminar chamada bootstrapping, quando fundadores, amigos ou familiares investem no negócio.
- Em seguida vem o financiamento dos “investidores-anjos”, pessoas que investem em empresas iniciantes.
- Acontecem então as tradicionais rodadas de financiamento das Séries A, B, C e D, lideradas por empresas de capital de risco.
- Finalmente, a startup pode encerrar o seu ciclo e se tornar uma empresa pública, ou seja, se abrir ao dinheiro externo por meio de uma IPO (oferta pública inicial de ações, intermediada por bancos de investimento), uma aquisição por uma empresa de aquisição de propósito específico (SPAC) ou uma listagem direta, que é a venda de ações sem intermediação dos bancos.
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