Um artigo publicado recentemente na plataforma The Conversation apresenta uma importante atividade de pesquisa que será desenvolvida durante o eclipse solar total, que ocorrerá em países da América do Norte no dia 8 de abril. Aproveitando a escuridão proporcionada pela passagem da Lua entre o Sol e a Terra, uma equipe internacional de cientistas investigará a coroa solar.
De acordo com o autor do artigo, Huu Morgan, leitor de ciências físicas (especialista em física solar) da Universidade Aberystwyth, no País de Gales, a ideia é aproveitar o escurinho momentâneo produzido pela Lua para “lançar luz sobre um enigma de longa data sobre a parte mais externa da atmosfera do Sol — a sua coroa”.
O enigma diz respeito à diferença brutal de temperatura entre a coroa solar, aquecida a até 2 milhões de graus Celsius, e a superfície visível do Sol (fotosfera) que tem 5,5 mil graus Celsius. Se é verdade que à medida que nos afastamos de uma fonte de calor, a temperatura cai, então por que a coroa solar é tão mais absurdamente quente? Acompanhe!
Surfando pelo eclipse solar
O caminho da totalidade visual do eclipse solar, pelo México, EUA e Canadá.Fonte: Fonte da imagem: Estúdio de Visualização Científica da NASA
A grande dificuldade de pesquisa a coroa solar da Terra é que, embora consigamos observá-la com segurança – porque ela é muito fina –, é muito perigoso olhar diretamente para a superfície do Sol.
Isso porque, apesar da distância de 150 milhões de quilômetros, a densidade da fotosfera permite que sua temperatura emita cerca de 65 megawatts por metro quadrado, o bastante para causar danos irreparáveis à visão humana.
Por isso, observar a coroa solar durante um eclipse solar é uma forma bem mais barata do que sondas espaciais ou telescópios com coronógrafos. Dessa forma, a equipe que irá conduzir os experimentos perto de Dallas, nos EUA, usará dois instrumentos científicos principais:
- Cip (polarímetro de imagem coronal);
- Chils (espectrômetro de linha coronal de alta resolução).
Como funcionam os instrumentos científicos durante o eclipse?
Não é seguro observar fases parciais do eclipse sem proteção solar adequada!Fonte: Fonte da imagem: Getty Images
O Cip funciona como um filtro da luz da coroa, composta por ondas que vibram num único plano geométrico, para uma forma “alinhada”, permitindo que apenas um tipo de polarização específica passe. Isso permitirá a medição de propriedades fundamentais da coroa, como sua densidade.
O instrumento também ajudará identificar fontes de correntes de vento solar, um fluxo de partículas superaquecidas na forma de plasma continuamente expelido do Sol, além das temíveis ejeções de massa coronal para o espaço.
Já o Chils coleta espectros de alta resolução, onde as cores componentes da luz podem revelar uma assinatura espectral de ferro emitida pela coroa, para mapear a sua superfície. Os modelos resultantes poderão explicar como o plasma coronal consegue atingir temperaturas tão elevadas,
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