Entre 320 milhões e 195 milhões de anos atrás, não existiam os continentes como conhecemos na Terra; na verdade, o planeta era formado por um único continente gigantesco — nem os primeiros seres humanos existiam nessa época. Chamado de Pangeia, esse supercontinente também não era formado por quatro oceanos, só existia um grande oceano chamado de Panthalassa.
A América do Norte era apenas um pedaço terrestre adjacente da África, ao lado da América do Sul e Europa. Mas é importante lembrar que esse não foi o único supercontinente da Terra, afinal, o planeta nasceu há mais de 4,5 bilhões de anos.
Antes da Pangeia, o nosso corpo celeste abrigou outros supercontinentes, conhecidos como Rodínia e Columbia (Numa). Alguns cientistas argumentam que Gondwana também era um supercontinente, mas outros afirmam que não é possível colocá-lo nessa categoria.
“A Pangeia, no início do tempo geológico, é um supercontinente que incorporava quase todas as massas de terra da Terra. Pangea era cercada por um oceano global chamado Panthalassa e foi totalmente formada no início da Época Permiana (cerca de 299 milhões a cerca de 273 milhões de anos atrás). O supercontinente começou a se desintegrar há cerca de 200 milhões de anos, durante a Época Jurássica Inferior (201 a 174 milhões de anos atrás), formando eventualmente os continentes modernos e os oceanos Atlântico e Índico”, a enciclopédia Britannica descreve.
Os supercontinentes, assim como nossos próprios continentes, formaram-se devido ao movimento das placas tectônicas, resultando em rachaduras e grandes deslocamentos de área. Apesar de ser um processo extremamente violento da natureza, os cientistas afirmam que foi isso que impulsionou a evolução do planeta ao longo dos bilhões de anos.
Como o supercontinente de Pangeia moldou a Terra
A Pangeia foi mencionada pela primeira vez pelo geólogo, geofísico e meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener, quando ele propôs a ideia de que existia um supercontinente antes da Terra moderna. O cientista explicou sua teoria para a comunidade científica ao publicar a primeira edição de ‘A Origem dos Continentes e Oceanos’, em 1915 — ele foi o primeiro a sugerir que, no passado, todos os continentes estavam conectados.
Uma das primeiras pistas descobertas por Wegener foi a percepção de que o formato de todos os continentes se encaixa praticamente de forma perfeita, quase como em um quebra-cabeça do mapa mundi.
Além disso, os registros geológicos da Terra também apoiam o conceito, pois os cientistas já encontraram diversas amostras geológicas parecidas em diferentes regiões. Por exemplo, foram encontrados depósitos de carvão nos Estados Unidos com composição semelhante a outras amostras encontradas na Polônia, Alemanha e Inglaterra.
Durante a Pangeia, diversos grupos de animais conseguiram sobreviver, como besouros, antecessores dos mamíferos e dinossauros.Fonte: Getty Images
Pangeia começou a se transformar nos continentes como conhecemos hoje, por conta de uma fissura terrestre tripla que surgiu entre a África, a América do Sul e a América do Norte. A rachadura começou após o enfraquecimento da crosta terrestre, quando o magma surgiu e criou um tipo de fenda vulcânica na região.
A partir daí, a divisão dos continentes cresceu gradualmente até formar o Oceano Atlântico. Mas isso não aconteceu de uma só vez, pois a Pangeia se dividiu por diversas vezes.
Há 150 milhões de anos, Gondwana começou a se separar da Laurásia (Eurásia e América do Norte) e formou o que conhecemos como África, América do Sul, Antártica, Índia e Austrália. Aproximadamente 60 milhões de anos atrás, foi o momento da América do Norte se separar da Eurásia (Europa e Ásia).
O futuro dos continentes da Terra
Assim como a Terra já passou por outras configurações de continentes, é improvável que o planeta permaneça na atual forma para sempre. Provavelmente, daqui a milhões de anos, os continentes da Terra estarão em outras posições ou até serão criadas novas massas que formarão outros continentes.
Atualmente, os cientistas conseguiram detectar que a Austrália está se movimentando vagarosamente em direção à região da Ásia; outra observação é que a parte oriental da África está se separando lentamente do resto do continente. De qualquer forma, é importante destacar que essas pequenas mudanças são imperceptíveis para o olhar da humanidade.
“Daqui a 250 milhões de anos, um novo supercontinente se formará. Os supercontinentes permanecem unidos por aproximadamente 100 milhões de anos — daí parte do exagero inerente em sua equação. Além disso, as taxas de expansão variam enormemente, de cerca de 1 cm por ano no mais lento (Dorsal de Gakkel, Oceano Ártico) até 15cm por ano (Dorsal Leste do Pacífico).”, disse o geocientista da Sociedade Geológica do Reino Unido, Ted Nield.
Em um estudo publicado na revista científica Gondwana Research, uma equipe de pesquisadores sugere que o processo de formação dos supercontinentes é um fenômeno periódico que ocorre a cada 750 milhões de anos. A maioria da comunidade científica acredita que esse ciclo é causado principalmente pela dinâmica do manto da Terra.
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