O Spotify está recomendando músicas que promovem a desinformação sobre o processo eleitoral no Brasil, conforme noticiou o The Intercept Brasil ontem (16). A prática viola o acordo feito em 2022 entre a plataforma de streaming e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para combater as fake news durante as eleições.
Segundo a publicação, assinantes do serviço têm reclamado que o algoritmo do streaming está sugerindo canções cujas letras trazem afirmações falsas relacionadas ao TSE e ao ministro Alexandre de Moraes, além de citarem os institutos de pesquisa eleitoral. O resultado das eleições também é questionado em uma das músicas.
Trechos de canções sugeridas pelo streaming questionam a segurança das urnas eletrônicas. (Imagem: Getty Images)Fonte: Getty Images/Reprodução
Um dos casos aconteceu no mês passado, quando o aplicativo passou a selecionar automaticamente as faixas que o usuário ouvia, após a opção escolhida por ele finalizar. Alguns minutos depois, o streaming começou a tocar uma música com ataques ao sistema eleitoral.
Há outros relatos semelhantes no X, de pessoas que receberam recomendações do Spotify de canções com o mesmo tipo de temática, logo após ouvirem pagodes tradicionais. Em todos os casos, as sugestões do algoritmo foram de músicas do mesmo artista, de acordo com a reportagem.
O que diz o Spotify?
A empresa foi questionada pela reportagem se as músicas com negacionismo eleitoral promovidas por seu algoritmo não descumpriam o acordo com o TSE. Um representante da plataforma disse que o conteúdo das canções foi revisado e que a companhia optou por continuar disponibilizando as faixas para os ouvintes.
Já os especialistas ouvidos pela publicação destacaram os riscos de promover esse tipo de conteúdo. Para a cientista política, Flávia Pellegrino, a prática de descredibilizar os processos eleitorais, baseada em disseminar dúvidas, ajuda a colocar a democracia em xeque.
“A tentativa de ruptura democrática que vivemos em 8 de janeiro de 2023, por exemplo, foi um reflexo direto deste processo falacioso de desestabilização, descrédito e deslegitimação do processo eleitoral de 2022”, relembrou Pellegrino.