Pesquisadores do Google afirmam ter testemunhado o surgimento de formas de vida digitais autorreplicantes durante um experimento com dados aleatórios que pode trazer novos esclarecimentos a respeito da origem da vida na Terra. Os resultados estão em um estudo ainda não revisado, publicado na plataforma arXiv no final de junho.
Liderada pelo engenheiro da gigante de Mountain View, Ben Laurie, a experiência tentou simular a mesma “sopa primordial” que se acredita ter dado origem à vida. Mas em vez de água e compostos orgânicos, o grupo reuniu uma grande quantidade de dados aleatórios interagindo uns com os outros, no mesmo ambiente virtual.
O experimento em ambiente virtual teve o mínimo de interferência por parte dos pesquisadores.Fonte: Getty Images/Reprodução
Essa “sopa digital” não possuía qualquer tipo de regra e nenhum impulso foi dado às informações, deixando que a interação acontecesse com o mínimo de interferências. Neste sentido, a equipe utilizou a linguagem de programação brainfck, caracterizada pelo minimalismo extremo, já que permite apenas as operações de adicionar e subtrair.
A ideia do experimento era verificar como o caos poderia dar origem à ordem, assim como as interações das moléculas ao longo de bilhões de anos levaram ao surgimento dos primeiros organismos vivos. Segundo os especialistas do Google, os dados foram “deixados para executar código e sobrescrever a si mesmos e vizinhos com base em suas próprias instruções”.
Forma autorreplicante de vida artificial
O resultado do experimento com a sopa primordial digital de dados aleatórios foi o surgimento de uma forma autorreplicante de vida artificial. Isso aconteceu mesmo sem que os pesquisadores adicionassem regras para incentivar tal comportamento.
A cientista da computação, Susan Stepney, disse que o desenvolvimento de programas autorreplicantes a partir de dados aleatórios é uma “grande conquista” e pode ajudar a entender possíveis rotas para a origem da vida. No entanto, outros especialistas ressaltam que o estudo possui algumas limitações.
Laurie e sua equipe acreditam ser possível que versões mais avançadas dessas formas de vida digitais autorreplicantes surjam se utilizado um maior poder computacional no experimento. Assim, eles poderiam contribuir para um entendimento ainda melhor do processo de evolução.