As mudanças climáticas são uma preocupação para diversas áreas da natureza, seja pela destruição do oceano devido à poluição, ou pelo alto consumo de combustíveis fósseis. Mas, aparentemente, o clima pode ser ainda mais crucial do que pensávamos.
Um novo estudo, publicado na revista Nature, uma equipe de geofísicos descobriu que o derretimento do gelo polar pode alterar a duração do tempo na Terra. As áreas polares são uma das regiões do planeta mais vulneráveis ao aquecimento global.
Para manter a precisão do Tempo Universal Coordenado (UTC), a humanidade utiliza 450 relógios atômicos ultraprecisos que foram configurados pela primeira vez em 1969. O outro método mais comum é realizado por meio da cronometragem da rotação da Terra; porém, como essa rotação flutua, foram adicionados 27 ‘segundos bissextos’ para manter o padrão oficial do tempo.
Conforme os cientistas explicam, o aquecimento global está ocasionando o derretimento do gelo na Groenlândia e na Antártica, o que, por sua vez, pode impactar a velocidade da rotação da Terra e prolongar a duração de um dia. Felizmente, a equipe afirma que esse impacto é imperceptível para os humanos — ou seja, por enquanto não há como sentir a mudança no dia a dia.
“A associação histórica do tempo com a rotação da Terra fez com que o Tempo Universal Coordenado (UTC) seguisse de perto esta rotação. Como a taxa de rotação não é constante, o UTC contém descontinuidades (segundos bissextos), o que dificulta seu uso em redes de computadores. Desde 1972, todas as descontinuidades do UTC exigiram a adição de um segundo bissexto. Aqui mostramos que o aumento do derretimento do gelo na Groenlândia e na Antártica, medido pela gravidade do satélite, diminuiu a velocidade angular da Terra mais rapidamente do que antes”, o estudo descreve.
A duração do tempo e o derretimento do gelo
Segundo o geofísico Duncan Agnew, da Universidade da Califórnia em San Diego, com o atual ritmo do derretimento, não será necessária a adição de um ‘segundo bissexto’ programado para 2026 a fim de garantir que o tempo acompanhe a rotação da Terra. Assim, um ‘segundo bissexto’ seria implementado apenas em 2029.
O sistema de segundos bissextos começou a ser utilizado na década de 1970; o derretimento polar também aumenta as chances de adicionar mais segundos bissextos no futuro.Fonte: Getty Images
A cronometragem do tempo oficial é considerada uma área extremamente importante; mesmo apenas o atraso de um ‘segundo bissexto’ pode afetar redes de comunicação, internet, mercados financeiros, entre outros. A adição de um ‘segundo bissexto’ é realizada de tempos em tempos devido à rotação levemente inconstante da Terra.
“Extrapolar as tendências para o núcleo e outros fenômenos relevantes para prever a orientação futura da Terra mostra que o UTC, conforme definido agora, exigirá uma descontinuidade negativa até 2029. Isso representará um problema sem precedentes para o tempo da rede de computadores e pode exigir que alterações no UTC sejam feitas antes do planejado. Se o derretimento do gelo polar não tivesse acelerado recentemente, este problema ocorreria 3 anos antes: o aquecimento global já está a afetar a cronometragem global”, o artigo descreve.
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