O Instagram recomenda reels (vídeos na vertical) com conteúdo sexual até para adolescentes de 13 anos. Foi o que revelou um teste realizado pelo The Wall Street Journal (WSJ) e a professora Laura Edelson, da Northeastern University.
Em reportagem divulgada ontem pelo WSJ, o veículo explica que os testes foram feitos entre janeiro e abril de 2024, e refeitos em junho, sem diferença de resultado. Para verificar a hipótese, foram criados perfis falsos se passando por adolescentes de 13 anos e desde o início, o Instagram começou a exibir Reels com conteúdo moderadamente picante.
Dentre os vídeos estavam produções de mulheres fazendo danças sensuais ou os que focam em corpos femininos. As contas fake que assistiram vídeos desse tipo e pularam outros, começaram a receber recomendações ainda mais explícitas, segundo o WSJ.
20 minutos assistindo vídeos picantes são suficientes para encher a página de Reels com vídeos sexuais, segundo o WJS. (Imagem: Orbon Alija/Getty Images)
O algoritmo teria trabalhado incessantemente para apresentar material sexual aos perfis falsos. Entre as recomendações, havia ainda mulheres simulando atos sexuais, promessas de envio de “nudes” para quem comentasse e pessoas exibindo suas genitálias. Em um caso específico, o feed da plataforma exibiu vários vídeos sobre sexo anal.
O WSJ e a professora Edelson chegaram a fazer o mesmo experimento no TikTok e no Snapchat. Essas redes sociais nunca recomendaram conteúdo impróprio durante os testes. Nem mesmo os perfis que seguiram criadores de conteúdo adulto receberam esse tipo de recomendação nas plataformas.
O que disse o Instagram?
Apesar de os testes terem sido realizados por um jornal renomado e uma professora universitária, Andy Stone, porta-voz do Instagram, ignorou o relatório.
“Este foi um experimento artificial que não corresponde à realidade de como os adolescentes usam nossa plataforma”, disse o executivo. Ele ainda acrescentou dizendo que, nos últimos meses, a rede social fez melhorias significativas nesse sentido.
Pesquisa antiga entre funcionários da Meta já constatava que adolescentes são bombardeados com material sexual. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
O WSJ disse que, no passado, uma pesquisa interna da Meta já tinha identificado problemas sobre experiências prejudiciais na utilização do Instagram por adolescentes. Os testes da empresa revelaram resultados bem semelhantes.
O jornal também chegou a fazer um teste parecido antes, levando a Meta a anunciar, em janeiro, uma série de medidas para contornar o problema. O novo experimento foi realizado depois dessas medidas, comprovando que elas não surtiram o efeito desejado pela companhia.