O que é Lobotomia? Entenda procedimento feito por Mana Sábia em The Boys

Lançado nesta quinta-feira (20), o quarto episódio da quarta temporada de The Boys, “A Sabedoria dos Tempos” trouxe uma cena considerada perturbadora até mesmo para os padrões da série. No final do episódio, descobrimos que a Mana Sábia não lida tão bem assim com a sabedoria e o conhecimento que seus poderes lhe trazem.

Graças a um cérebro em crescimento e regeneração constante, ela não consegue se desligar do mundo ao redor e precisa recorrer a métodos radicais para isso. Com a ajuda de Profundo, a personagem enfia uma estaca por baixo do olho e realiza uma verdadeira auto-lobotomia como forma de suportar a companhia de seu colega de equipe.

Como Mana Sábia sobrevive a uma lobotomia?

A nova personagem de The Boys tem como grande característica a sua inteligência, mas seu poder vai além disso. De acordo com Mana Sábia, seu cérebro pode se regenerar, o que permite a ela sobreviver a uma lobotomia.

De acordo com a nova integrante dos Sete, o cérebro superpoderoso consegue voltar ao seu ápico com o passar do tempo após ser ferido. No entanto, existe um porém: enquanto o órgão está se curando, a inteligência de Mana Sábia acaba ficando limitada.

Uma prévia disso pode ser vista justamente na cena de Mana Sábia com Profundo. Logo após ela ter o cérebro violado pela ferramenta, a personagem parece mais relaxada, mas sem tanta sabedoria quanto antes.

O que é a lobotomia mostrada em The Boys?

Polêmica desde o momento em que foi introduzida pela medicina, a lobotomia é um procedimento que foi bastante usado para tratar problemas psiquiátricos ou doenças psíquicas. Ela envolve cortar algumas conexões do córtex pré-frontal do cérebro, entre outras partes do órgão.

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O procedimento se tornou famoso e bastante defendido pelo neurologista português Antonio Egas Moniz, que chegou a ganhar um prêmio Nobel de medicina em 1949 por sua descoberta. O prêmio foi compartilhado com Walter Rudolf Hess, que mapeou áreas de funcionamento do cérebro.

Apesar de controversas, as lobotomias se tornaram um procedimento comum nos Estados Unidos e no Reino Unido entre as décadas de 1940 e 1950, se estendendo até o final dos anos 1970. Somente no Reino Unido, mais de 20 mil procedimentos do tipo foram realizados, chegando a mais de 30 mil nos EUA — no Brasil, 1 mil deles foram realizados até metade da década de 1950.

Visto como uma solução para casos de esquizofrenia, agressividade, transtorno obsessivo-compulsivo e depressão, o corte de partes do cérebro raramente trazia melhorias notáveis. Na maioria das vezes, ele resultava em pessoas que ficavam marcadas pelo resto da vida, muitas vezes se tornando incapazes de falar, andar ou até mesmo se alimentar.

Walter Freeman e o “picador de gelo”

Um de seus maiores fãs e utilizadores foi o neurologista americano Walter Freeman, que desenvolveu a lobotomia transorbital, que usava instrumentos de aço martelados no cérebro através de usos localizados na parte traseira das órbitas oculares. É essa a opção usada pela Mana Sábia de The Boys para acabar temporariamente com sua sabedoria.

A Mana Sábia só sobrevive às lobotomias graças às características de seu cérebroA Mana Sábia só sobrevive às lobotomias graças às características de seu cérebroFonte:  Divulgação/Amazon Prime Video 

Confiante no sucesso do método, Freeman usava suas férias de verão para viajar pelos Estados Unidos realizando o procedimento com, que considerava como a solução para diversos casos. Ele promovia os cortes cerebrais feitos com um picador de gelo como capazes de resolver depressão pós-parto, dores de cabeça, indigestão, insônia e diversas outras doenças — ao todo, ele operou 3, 5 mil pacientes, com uma taxa de mortalidade de 15%.

A lobotomia foi considerada por muitos como um método radical e que não se preocupava com os resultados que deixava em pacientes desde sua criação. Em 1950, o procedimento foi totalmente banido da União Soviética e, em 1977, o congresso dos Estados Unidos fez uma investigação que concluiu que o método estava sendo usado para reprimir minorias e violar as liberdades individuais de pessoas com distúrbios.

Vítimas de lobotomias se sentem violadas

As operações do tipo ainda aconteciam, embora de maneira mais rara, até os anos 1990, quando uma versão mais refinada já era usada por alguns médicos. Muitas pessoas submetidas ao procedimento afirmam que suas vidas pioraram muito depois dele e que até hoje convivem com dificuldades de compartilhar suas experiências.

A partir dos anos 2000, diversas campanhas foram organizadas para pressionar o Instituto Nobel para retirar retroativamente o prêmio que foi concedido a Egas Moniz em 1949. No entanto, ele se mostrou contrário a tal ação, afirmando que seu estatuto interno impede que uma decisão do tipo vá em frente.

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